O dólar teve novo dia de fortalecimento no mercado internacional em meio a preocupações com os efeitos do coronavírus na atividade e novos casos de morte pela gripe no Japão. Aqui, a divisa fechou em nova máxima histórica, a oitava somente em fevereiro. A moeda americana chegou a encostar em R$ 4,40, mas acabou terminando o dia em R$ 4,3912, com valorização de 0,59%. No ano, o dólar já sobe 9,46%.
Apesar do nível recorde de fechamento, o real nem foi a moeda com pior desempenho hoje no mercado internacional. O dólar subiu 1,3% no México, 1,4% no Chile, 1% na Rússia e 0,85% na África do Sul. Mesmo em países desenvolvidos, a divisa teve ganhos, principalmente no Japão (+0,70%). O índice DXY, que mede o comportamento do dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou novo dia de expansão e chegou muito perto da marca psicológica de 100 pontos (99,910, na máxima do dia), atingida pela última vez há três anos.
"O dólar bateu novos recordes hoje em relação a vários rivais", observa o analista de mercados do banco especializado em transferências internacionais, Western Union, Joe Manimbo. O dólar australiano caiu ao menor valor em 11 anos e o euro foi negociado na mínima desde abril de 2017. O iene e a libra caíram ao menor valor em meses, completa. "É um movimento global de busca de proteção no dólar."
Com o fortalecimento do dólar lá fora, o "Banco Central vai enxugar gelo" se quiser conter o movimento aqui, afirma um diretor de tesouraria. "Não dá para remar contra essa maré", completa este executivo. Mesmo assim, o mercado fica testando o BC, ressalta o chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.
A moeda americana ganha força porque a percepção é de que a economia americana vai seguir forte este ano, apesar dos efeitos no coronavírus no resto do mundo. No Japão, o temor de o país já estar em recessão vem pesando no iene, afirma Manimbo, da Western Union. Na zona do euro, indicadores da maior economia da região vêm decepcionando, completa ele.
As mesas de operação monitoraram de perto o noticiário doméstico, que hoje foi forte, com o Banco Central reduzindo os compulsórios e o ministro da economia, Paulo Guedes, prometendo entregar a reforma administrativa no Congresso amanhã ou logo após o carnaval. Mas o dólar encostou em R$ 4,40 quando Guedes disse pela manhã que é "absolutamente natural que o câmbio de equilíbrio suba um pouco". "O câmbio é flutuante, o Banco Central opera isso. Mas o patamar é inquestionavelmente mais alto."
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