O dólar teve novo dia de volatilidade, operando sem firmar tendência. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizando nova alta de juros em junho, mas reforçando a visão de ajuste parcial na Selic, fez as cotações subirem mais cedo. No início da tarde, porém, a moeda americana chegou a cair e testou os R$ 5,20, refletindo a melhora do Ibovespa e fluxo externo, segundo operadores. A divisa caiu ante pares fortes, mas subiu em relação a alguns emergentes, como o México, refletindo a alta dos juros longos americanos em meio a renovadas preocupações com a inflação nos Estados Unidos.
Nesse ambiente, com a cena política também no radar, a divisa dos EUA acabou terminando o dia em leve queda de 0,18%, cotado em R$ 5,2227. O dólar futuro para junho cedia 0,11% às 17h10, em R$ 5,2275.
O estrategista de moedas do banco Brown Brothers Harriman (BBH), Ilan Solot, destaca que há um emaranhado de fatores afetando os ativos locais, alguns positivos, outros negativos. Entre eles, a pandemia dá sinais de melhora, mas ao mesmo tempo a CPI da Covid-19 no Senado inspira cautela. Os juros estão em alta pelo Banco Central, mas o cenário fiscal exige atenção e permanece como peça essencial a ser ajustada na economia brasileira.
Ainda é cedo para afirmar, mas a própria valorização recente do real, caso dure, pode ajudar a tornar o ciclo de alta da Selic mais curto, avalia Solot.
Na ata desta terça-feira, a visão de normalização parcial da taxa de juros prevaleceu, comenta o economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, em relatório. Ele prevê nova elevação de 0,75 ponto porcentual em junho e a Selic indo a 5,25% ao final do ano.
O ciclo de elevação provavelmente se dará em dois estágios, afirma Ramos, destacando que esta sinalização é uma das principais inovações da ata. Assim, a primeira fase deve terminar com a Selic ainda em território estimulativo, abaixo do nível neutro. Após uma pausa, as elevações prosseguiriam em um segundo momento, levando a taxa básica a 6,5% ao final de 2022.
Neste contexto, para a gestora Franklin Templeton, o dólar pode recuar para um nível mais próximo de R$ 5,00, se houver melhora na percepção de risco político. Na carta mensal divulgada nesta terça, o diretor de renda variável, Frederico Sampaio, ressalta que, no quadro externo, o Brasil está sendo "amplamente favorecido" pela valorização expressiva dos preços dos produtos básicos de exportação, como o minério de ferro e soja. "Os termos de troca da economia brasileira voltaram aos patamares de 2009/10, quando eram recorde. Claramente, os fundamentos econômicos jogam a favor de uma maior valorização do real."
Mas Sampaio alerta que a gestora "continua achando o cenário doméstico desafiador, com muita incerteza política e quadro fiscal delicado". Já outro fator positivo para o real é que os investidores estrangeiros voltaram a entrar com recursos na Bovespa, com saldo de R$ 7 bilhões em abril, destaca o gestor da Franklin Templeton. Este mês, até o dia 7, o saldo está positivo em R$ 3,4 bilhões.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta