O dólar fechou a semana acumulando valorização de 3,3%, a terceira semana seguida de ganhos. Marcada por intensa volatilidade, a moeda americana chegou a cair para R$ 5,38 na mínima dos últimos dias e a bater em R$ 5,62 na máxima. O exterior foi o principal fator a afetar as cotações, com o crescimento de casos de covid-19 na Europa aumentando as dúvidas sobre a recuperação da economia mundial e a falta de acordo nos Estados Unidos para aprovar um pacote de socorro fiscal, estimulando a busca por proteção na divisa americana. No Brasil, seguiu no radar dos investidores a questão fiscal.
O dólar subiu de forma generalizada no mercado financeiro mundial, atingindo os níveis mais altos em dois meses perante algumas moedas, como o euro, a libra e o dólar canadense. No câmbio, o "dólar foi o único vencedor", comentam os estrategistas de mercados do Swissquote Bank.
No Brasil, a sexta-feira foi novo dia de alta, com o dólar à vista encerrando em R$ 5,5553, com valorização de 0,81%. No mercado futuro, o dólar para outubro era negociado com ganho de 0,87%, a R$ 5,5585 às 17h.
Entre as seis moedas de países emergentes com pior desempenho no mercado financeiro mundial nesta semana, três são da América Latina: peso mexicano, real e peso colombiano. "A recente queda no apetite por risco do investidor mundial, por causa do temor de uma segunda onda de covid e da redução da chance de suporte fiscal adicional nos EUA, colocou as moedas da América Latina na linha de fogo", comenta o economista para a região da consultoria inglesa Capital Economics, Nikhil Sanghani.
O "drama fiscal" também está contribuindo para a depreciação do real, destaca Sanghani. Se por um lado as contas externas do Brasil têm mostrado nítida melhora, as fiscais estão entre as piores dos emergentes. Com isso, no ano, o dólar acumula alta de 38% no Brasil, enquanto sobe 29% na Turquia, 22% na África do Sul e 15% no México. A Capital Economics prevê o dólar acima de R$ 5,00 no Brasil ao menos até o final de 2022.
Hoje a volta da discussão de um imposto sobre transação financeira para financiar programas sociais causou desconforto entre os participantes do mercado. Para fazer um novo programa assistencial no Brasil, o governo tem de cortar outras despesas e não aumentar imposto, disse o diretor executivo da Instituição Fiscal Independente do Senado Federal (IFI), Felipe Salto, em evento virtual do Insper, onde não faltaram críticas à política fiscal brasileira.
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