O dólar devolveu nesta quarta-feira (27), parte da forte queda da terça-feira e encerrou o dia acima dos R$ 5,40. O fator determinante para o movimento no câmbio nesta quarta-feira foi o exterior, onde a moeda americana ganhou força de forma generalizada, ante divisas fortes e nos mercados emergentes. Vacinação caminhando lentamente em alguns locais, como na Europa, impasse do pacote fiscal proposto por Joe Biden no Congresso, balanços corporativos mistos nos Estados Unidos e a reunião dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que manteve como esperado os estímulos extraordinários, estão entre os fatores que provocaram a busca por refúgio no dólar. No mercado doméstico, os participantes do mercado seguiram monitorando declarações em Brasília sobre os gastos do governo e as vacinas.
No fechamento, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 1,51%, cotado em R$ 5,4071. No mercado futuro, o dólar para fevereiro 1,06%, a R$ 5,4140.
A reunião do Fed, evento mais esperado da semana em Wall Street, acabou sem maiores efeitos no mercado de moedas, na medida em que tudo veio dentro do esperado. Mas as declarações de seu presidente Jerome Powell à imprensa e seguida ajudaram a elevar o clima de cautela. Powell afirmou que a vacinação disseminada ajudaria a superar os efeitos do coronavírus, mas alertou que atividade econômica segue em nível abaixo da pandemia, a incerteza é alta e o desemprego elevado, por isso, o Fed segue comprometido a usar todo seu arsenal de medidas para apoiar a economia.
Para o economista do canadense CIBC Capital Markets, Avery Shenfeld, o Fed vai querer ver mais detalhes do pacote fiscal e do processo de vacinação antes de repensar sua estratégia. Por isso, nesta quarta evitou qualquer mudança de postura, com Powell falando da necessidade da manutenção dos estímulos fiscais e monetários extraordinários.
Internamente, o foco no noticiário prosseguiu. O presidente da República, Jair Bolsonaro, informou que o governo estuda medidas para atender o setor de bares e restaurantes, afetado por políticas de restrição do funcionamento, enquanto é crescente a expectativa pela prorrogação do auxílio emergencial.
O gestor Rogério Xavier, sócio da SPX Capital, ressaltou em evento do Credit Suisse que se for por um período curto, de três meses, não vê problemas na prorrogação. Mais que isso, começa a preocupar, dada a forte piora fiscal do Brasil em 2020.
A analista de mercados emergentes e moedas do alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger, observa que apesar de ser positiva para o real a discussão que ganhou força na terça sobre a elevação de juros, as preocupações sobre a situação fiscal e como Jair Bolsonaro vai lidar com a pandemia vão seguir limitando a melhora da moeda brasileira.
Uma das evidências da piora das contas públicas foi a divulgação nesta quarta pelo Tesouro de que a dívida bruta bateu em R$ 5,009 trilhões ao final de 2020.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta