O dólar chegou perto do registrar o quarto dia seguido de queda, mas na reta final dos negócios, com a piora externa em meio a renovadas preocupações com disseminação do coronavírus nos Estados Unidos, passou a subir e fechou em leve alta. Mesmo assim, ainda acumula baixa de 7% em novembro, mês em que entraram US$ 6,1 bilhões no Brasil apenas pelo canal financeiro, com a B3 batendo recordes diários de investimento estrangeiro. A volta do fluxo externo, após meses de escassez, e a promessa do Banco Central de intervir no mercado na reta final de 2020, caso o mercado demande recursos, ajudaram o dólar a cair abaixo de R$ 5,30 nesta quarta-feira, 18, em sessão que acabou sendo marcada por volatilidade. Operadores seguem ressaltando que o risco fiscal é o principal limitador de uma melhora mais forte do real
No fechamento, o dólar à vista encerrou com leve alta de 0,13%, cotado em R$ 5,3376. No mercado futuro, o dólar para dezembro subiu 0,53%, em R$ 5,650.
O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, comenta que havia três fontes de incerteza para o cenário de 2021: eleições americanas, vacina para a covid e o ajuste fiscal brasileiro. As duas primeiras se reduziram, o que tem ajudado a levar volume importante de capital para os emergentes nos últimos dias. "Imagina uma segunda onda de covid sem a perspectiva de uma vacina em breve?", questiona o economista, ressaltando que neste caso o dólar poderia estar de volta aos R$ 5,60. No final do dia, voltaram a preocupar a aceleração dos casos nos EUA, o que fez a cidade de Nova York anunciar novo fechamento de escolas.
Se as duas primeiras incertezas diminuíram, no caso do Brasil, o cenário fiscal permanece sem avanço, o que limita a queda do dólar e deixa o câmbio volátil, ressalta Velloni. Para o economista, o dólar mais justo para os atuais fundamentos brasileiros seria entre R$ 4,80 e R$ 5,20. Mas ele acredita que só com o ajuste fiscal andando a moeda tem força para cair mais. Ao mesmo tempo há certo alívio no mercado com a atuação do Banco Central, que sinalizou que pode ser mais agressivo.
Hoje o BC novamente prometeu intervir no câmbio caso preciso, vendendo mais swap que o programado para dezembro ou fazendo leilões de linha (venda de dólar à vista com compromisso de recompra). "Seguimos prontos para atender a demanda por dólar no fim de ano", disse o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra Fernandes. em live do jornal Valor Econômico. O último mês do ano costuma ser marcado por remessas de empresas e fundos ao exterior e este ano ainda os bancos precisam desfazer o hedge em excesso no exterior (overhedge) para atender a nova legislação, o que tende a pressionar ainda mais o câmbio.
Por enquanto, ao contrário, o mercado tem recebido uma enxurrada de dólares do exterior, com investidores procurando ganhos nos emergentes. Dados do BC mostram que somente na semana entre 9 e 13 deste mês entraram US$ 4,908 bilhões pelo canal financeiro. No mês, as entradas por este canal somam US$ 6,163 bilhões. "Este dinheiro pode sair rápido como entrou", alerta Velloni, da Frente Corretora, sobre a necessidade de avançar com as reformas
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