Com uma valorização de 24,99% em 2018, o dólar americano saltou de R$ 3,26, na cotação do início do ano, para R$ 4,14, valor fechado nesta terça-feira (18). A alta da moeda causa uma série de impactos na economia doméstica do brasileiro.
Produtos básicos para as famílias já mostram estes efeitos, principalmente nos preços do pão, já que a maior parte do trigo usado no país é importado da Argentina e do Canadá; e da gasolina, que tem influência direta do valor do petróleo - vendido em dólares - no preço nas refinarias.
Uma das principais causas da disparada é a reação do mercado aos cenários apontados pelas pesquisas eleitorais, que mostram o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) como favoritos na disputa à Presidência. Em pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira (18), Bolsonaro aparece com 28% das intenções de voto e Haddad, com 19%.
Assim, com a eleição provavelmente caminhando para o segundo turno, a tendência é de que o dólar continue nas alturas até o fim de outubro. Mas o que é possível fazer para não sofrer tanto os impactos? O Gazeta Online ouviu economistas para buscar alternativas.
ESTOQUE DE PRODUTOS
De acordo com o professor de Finanças e coordenador do relatório mensal da Cesta Básica da Classe Média Capixaba, Paulo Cezar Ribeiro, o impacto da alta do dólar ainda não está tão intenso para o consumidor final nos supermercados porque, devido ao congelamento dos salários das famílias, o comércio tem enfrentado dificuldades de vendas e, para não diminuir ainda mais o consumo, está absorvendo parte dessa diferença.
A dica do professor é aproveitar as promoções de produtos com validade superior a seis meses e estocar alimentos que podem sofrer com a alteração do câmbio, como o achocolatado, por exemplo, que teve queda de preço em alguns supermercados da Grande Vitória.
CONGELAR O PÃO
Já que o preço do pão não congela, o jeito é colocar o próprio alimento no freezer, evitando desperdícios ou até aproveitando alguma promoção de pães vendidos a valores mais em conta. Essa é a dica do consultor financeiro César Gomes, que resgata um hábito de seus pais.
Em algumas casas, é muito comum sobrar pão depois do café da manhã. Muitas vezes, eles são rejeitados após algumas horas por já não terem mais a mesma consistência. Ao colocar o pão no congelador quando ele ainda está fresquinho, pode ficar 20 dias estocado. Depois, é só descongelar e assar um pouquinho no micro-ondas, que ele terá o mesmo sabor. Com o preço do pão subindo, qualquer desperdício fica mais caro, ensina César Gomes.
MENOS TRIGO, MAIS FUBÁ E MANDIOCA
Para outras massas feitas à base de farinha de trigo, cujo preço vem aumentando e já é encontrada acima de R$ 3 o quilo nos supermercados capixabas, o jeito é tentar substituir por outras farinhas. A tapioca, à base de mandioca, pode ser uma opção para o café da manhã, enquanto o fubá, feito com milho, também pode substituir o trigo em muitas receitas.
ADIAR TROCA DE CELULARES E ELETRÔNICOS
Para o consultor financeiro César Gomes, os consumidores que têm o hábito de trocar de smartphone e computador periodicamente devem repensar suas compras. Como boa parte dos componentes dos eletrônicos são importados, estes produtos devem também sofrer alta de preços.
Compra de produtos supérfluos nessa hora é delicada. Com todo mundo perdendo o poder de compra de seus salários, é importante ter uma gordurinha para equilibrar as contas, já que produtos essenciais impactados pelo dólar, como o pão e a gasolina, são mais difíceis de substituir, afirma.
Além disso, pedir para amigos em viagem ao exterior para comprar celulares que fora do Brasil tem preços menores também está comprometido, já que na hora da conversão de dólar para real, a diferença é pequena ou quase nula.
CARRO NA GARAGEM
O preço da gasolina voltou a atingir o patamar de R$ 5 na Grande Vitória. Para os que têm essa possibilidade, uma opção para fugir da alta de preços é deixar o carro na garagem, optando pelo transporte público, a bicicleta ou mesmo estabelecendo um sistema de caronas entre os vizinhos que trabalhem em uma região próxima.
HORA DOS VINHOS NACIONAIS
Para os apreciadores dos vinhos franceses, argentinos, portugueses, chilenos e do exterior, em geral, o cenário é uma "boa oportunidade" de dar uma chance aos vinhos nacionais, na opinião do consultor financeiro César Gomes.
As produções brasileiras, principalmente do Rio Grande do Sul, cresceram muito em qualidade, e as produtoras de vinho têm interesse em ter mais competitividade em relação aos concorrentes de fora. Há vinhos artesanais de primeira linha, com qualidade muitas vezes superior e preços mais baratos do que vinhos importados, orienta.
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