A Eletrobras estuda realizar um novo plano de demissões ainda em 2021, como última etapa para adequação de seu quadro de empregados antes da operação de capitalização prevista em lei sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta terça-feira (13).
Segundo o presidente da Eletrobras, Rodrigo Limp, porém, não há planos neste momento para extinguir ou fundir subsidiárias, uma das preocupações dos trabalhadores e de autoridades do Rio de Janeiro, que sedia quatro empresas do grupo.
Em entrevista ao site Canal Energia, Limp afirmou que a ideia é lançar um plano de demissão consensual. Ele não indicou qual seria a meta de demissões, mas afirmou considerar que a empresa tem hoje um quadro de funcionários próximo ao ideal.
Desde que iniciou um processo de reorganização administrativa, em 2016, a Eletrobras já reduziu seu quadro de empregados em mais de 50%, por meio de uma série de planos de demissão. Hoje, são cerca de 12 mil pessoas. "É muito próximo do que entendemos como nossa meta", disse Limp.
Os sindicatos ligados a trabalhadores da empresa sofreram uma derrota com veto do presidente Bolsonaro a cláusula do projeto aprovado no Congresso que garantiria a transferência de empregados para outras estatais.
Mas eles dizem que a derrota era esperada e ainda tentarão derrubar a privatização na Justiça e em outras frentes, como em denúncia feita à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre um conflito de interesses na contratação de um consórcio para desenhar o modelo de venda de ações da estatal.
Em entrevista nesta quarta (14), Limp disse que não está no radar da gestão fechar subsidiárias. A Eletrobras deixará de controlar a Eletronuclear, já que a lei determina que a energia nuclear seja estatal, mas a princípio pretende manter Furnas, Eletronorte e Chesf.
"A ideia é manter as empresas", afirmou. "Mas é claro que novos acionistas terão a possibilidade de fazer essa discussão para encontrar a estrutura mais eficiente para a empresa". No momento, diz, a companhia mantém a estratégia de racionalizar participações societárias em projetos de geração ou transmissão.
Esse trabalho já vem sendo tocado desde o governo Michel Temer e resultou na redução de mais de 200 para 80 o número de participações da Eletrobras em sociedades de propósito específico, empresas criadas especialmente para gerir projetos. O objetivo é chegar a cerca de 50.
Limp voltou a defender que a capitalização da Eletrobras é positiva para o país, ao propiciar maior capacidade de investimento em eficiência à empresa. E que o consumidor ganhará, já que parte dos recursos arrecadados com a venda das ações será destinada a reduzir a conta de luz.
Ele ressaltou, porém, que ainda "falta um longo caminho" para a conclusão do processo, como a definição dos valores de outorga que a Eletrobras pagará pelas usinas que hoje operam sob o regime de cotas e dos termos dos novos contratos de concessão.
O projeto aprovado pelo Congresso prevê a oferta de novas ações da empresa ao mercado, sem participação da União, o que reduziria a fatia estatal na empresa para perto de 45%.Os acionistas privados poderão ter uma fatia máxima de 10%.
Com os recursos, a Eletrobras pagaria para mudar os contratos de usinas hidrelétricas, que hoje vendem energia em cotas, para poder vender a energia no mercado livre, aumentando as projeções de receita da companhia.
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