Poucas horas depois de o governo entregar ao Congresso sua proposta de reforma administrativa, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu em sua live desta quinta-feira (3) a manutenção de benefícios para militares.
A reforma proposta não atinge categorias específicas, como juízes, membros do Ministério Público, parlamentares e integrantes das Forças Armadas.
A medida ainda cria uma nova camada de proteção para as chamadas carreiras típicas de Estado, o que inclui, por exemplo, auditores fiscais, diplomatas e policiais. Com a nova regra, não será permitido cortar jornadas e salários desses servidores.
O presidente começou a falar no assunto dizendo já ver "um montão de órgão de imprensa falando besteira" e reafirmou que o texto do Executivo não se aplica a quem está hoje no serviço público. Ele então abordou a questão dos militares.
"Se alguém quiser a Previdência, tudo militar, está à disposição. Nós não temos hora extra, não temos Fundo de Garantia, não tem um montão de coisa. A estabilidade é com dez anos de serviço, não com três, tá certo? Mas ninguém quer comparar nada não", disse Bolsonaro.
O presidente disse, então, que "o quadro de servidores encheu muito no Brasil" e que "a conta é alta para pagar".
O governo apresentou um texto considerado amplo, que tem impacto não apenas sobre os servidores do Executivo, mas também do Legislativo e Judiciário. A proposta do Executivo federal também tem efeito para estados e municípios.
O Ministério da Economia informou, no entanto, que o Poder Executivo não tem autonomia para propor mudanças de regras para membros de outros poderes.
Alinhado com os Estados Unidos, Bolsonaro disse que tem conversado com o governo americano sobre a tecnologia 5G, cujo leilão deve acontecer em 2021.
Os americanos têm pressionado por restrições à participação da chinesa Huawei na construção das redes da telefonia 5G.
"Nós somos uma potência. Nós temos que ter um sistema de inteligência robusto para poder trabalhar ali na frente. Olha só, tem o negócio do 5G pela frente. Vou deixar bem claro, que vai decidir 5G sou eu. Não é terceiro, ninguém dando palpite por aí, não. Eu vou decidir o 5G", disse Bolsonaro na transmissão.
Ele disse que a decisão "não é da minha cabeça apenas" e que tem tido conversas com os chefes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Agência Brasileira de Informação (Abin) e da Polícia Federal, por exemplo.
"E [falo] com mais inteligência do Brasil, com gente mais experiente. Converso com o governo americano. Converso com várias entidades, países, o que temos de prós e contras", disse Bolsonaro.
O presidente também explicou as razões de o Brasil ter lançado nesta semana a nota de R$ 200. Disse que não havia papel-moeda e que não se podia falar isso para não gerar uma corrida aos bancos.
"Agora eu posso falar, na época eu não podia: por que a nota de R$ 200? Muita gente criticando: 'vai facilitar a corrupção, vai caber mais dinheiro na cueca do que nota de R$ 100 ou R$ 50, a lavagem de dinheiro'. A gente não tinha papel, pessoal. Por isso pagamento por cartão, o pagamento virtual. Ficamos quietos porque senão haveria uma corrida aos bancos", disse Bolsonaro.
Ele também afirmou que agora esta questão "já praticamente está solucionada".
Bolsonaro disse ainda que a figura é um lobo-guará porque esta nota já estava pronta, mas que, por ele, o país teria uma nova família de cédulas homenageando personalidades como Pedro Álvares Cabral e Dom Pedro.
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