A saída precoce de Nelson Teich do comando do Ministério da Saúde nesta sexta (15) acontece em meio à instabilidade que Jair Bolsonaro está provocando no país durante a pandemia e provoca um efeito contrário ao que pretende o presidente, que é a reabertura mais rápida da economia. A avaliação é de José Ricardo Roriz, vice-presidente da Fiesp.
Roriz, que também é presidente da Abiplast (associação da indústria de plásticos), afirma que o Bolsonaro está defendendo uma flexibilização rápida, mas avalia que para isso acontecer é preciso ter uma boa comunicação.
"O que ele está fazendo é exatamente o contrário. Com essa instabilidade no Ministério da Saúde, como você vai fazer uma abertura, se existe uma insegurança geral com relação ao que está acontecendo aqui no Brasil? Você tem o presidente em uma direção, os governadores na outra. Não tem um alinhamento do presidente com o Congresso", afirma Roriz.
Segundo ele, é preciso dar segurança às famílias para que elas voltem ao comércio e às fábricas. "Cada dia e tem sido quase que diariamente que ele cria uma instabilidade, ele aumenta a insegurança e atrapalha ainda mais o retorno ao trabalho. Com uma insegurança como essa e a mensagem ruim, não tem condição de voltar porque está todo mundo inseguro" , diz ele.
Outro representante da indústria, Paulo Camillo ?Penna, presidente da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), afirma que falta uma direção.
"O conjunto de medidas que estão sendo tomadas está insuficiente em razão de uma falta de planejamento e também da incapacidade da conjuntura em conseguir todos os equipamentos necessários. E a gente vê ainda esses esforços sendo drenados por discussões políticas de menor importância. Claramente nós não temos uma direção definida para combater esse problema da maneira que deveríamos", diz Penna.
Humberto Barbato, presidente da Abinee (que representa a indústria de eletrônicos), avalia que Bolsonaro pode ter errado ao colocar Teich no cargo.
"Talvez ele tenha escolhido mal a substituição do [ex-ministro Henrique] Mandetta. Qualquer administrador pode se equivocar na escolha de um auxiliar. Não sei se o ministro que se demitiu hoje realmente tinha perfil para ser ministro", diz Barbato.
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