Três campos de petróleo em terra no Espírito Santo foram arrematados por empresas brasileiras por R$ 3,03 milhões em leilão da chamada Oferta Permanente, realizado nesta terça-feira (10) pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Os campos vendidos são considerados acumulações marginais (áreas inativas ou com baixa produção por falta de interesse econômico).
A sessão do 1º Ciclo da Oferta Permanente teve arrematados 12% dos 273 blocos exploratórios ofertados. Foram as áreas de acumulações marginais, em fase de declínio, que estimularam a disputa nas bacias do Espírito Santo Parnaíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Campos. A Oferta Permanente disponibiliza continuamente campos e blocos devolvidos ou em processo de devolução, como também blocos exploratórios ofertados em rodadas anteriores e não arrematadas.
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Na Bacia do Espírito Santo, as áreas de Mosquito e Saíra, ambas em São Mateus, foram arrematadas por consórcio formado entre as empresas brasileiras Petromais (50% de participação) e Eagle Exploração de Óleo e Gás Ltda (50%).
Na região de Saíra, o lance do grupo foi de R$ 2,41 milhões, o que totalizou um ágio (valor acima do mínimo fixado pela ANP) de 3.891,85%. Já na área de Mosquito, o mesmo consórcio deu lance de R$ 601,5 mil, o que representou ágio de 2.884,1%.
Empresa capixaba leva campo em Linhares
O outro campo da Bacia do Espírito Santo arrematado foi o de Lagoa Parda Sul, em Linhares, adquirido pela capixaba Imetame, que havia comprado cinco blocos exploratórios no Estado em 2017. Com sede em Aracruz, Imetame também possui blocos e campos nas bacias do Recôncavo (BA), Potiguar (RN), Sergipe/Alagoas (AL), São Francisco (MG).
A empresa apresentou lance de R$ 20,1 mil pela área de Lagoa Parda Sul, quantia que era a mínima exigida pela ANP. Ou seja, o ágio para o campo foi zerado. A Imetame, aliás, também conseguiu um novo bloco exploratório no leilão, na Bacia do Potiguar, com lance de R$ 75,1 mil.
A área marginal de Rio Ibiribas, também em Linhares, não recebeu nenhuma oferta no leilão.
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Além dos blocos no Espírito Santo, outras nove áreas de acumulações marginais foram arrematadas no leilão. Tratam-se de áreas inativas que abrangem a área de concessão com descobertas conhecidas de petróleo e/ou gás natural, mas onde não houve produção ou esta foi interrompida por falta de interesse econômico.
Na Bacia Potiguar, foram arrematadas duas áreas. A note-americana Petro Victory comprou a área Trapiá por R$ 421 mil (com ágio de 3.032,99%). A outra área, de Tiziu, foi arrematada pelo consórcio formado entre Petromais Global e a Eagle Exploração de Óleo e Gás, com bônus R$ 215,3 mil (701,11%).
Na Bacia Sergipe-Alagoas, a área de Piaçabuçu foi comprada pelo consórcio entre as empresas Perícia Engenharia e Construção e Andorinha Petróleo, por R$ 787,7 mil (ágio de 5.761,67%).
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Na Bacia do Recôncavo, Bahia, eram sete áreas em oferta, das quais seis foram arrematadas. A área de Camaçari foi arrematada pela portuguesa Creative Energy por R$ 1,5 milhão (3.223,35%). A mesma empresa arrematou também a área de Rio Joanes por R$ 217,3 mil (978,3%).
Na mesma bacia, o campo Fazenda Gameleira foi comprado pelo consórcio Petromais Global e a Eagle, por R$ 337,8 mil (ágio de 1.5765,68%). As áreas Pojuca Norte e Fazenda Sori foram arrematadas pelo consórcio das empresas Brasil Refinarias e Guindaste locações por, respectivamente R$ 77 mil (282,34% de ágio) e R$ 67 mil (232,73% de ágio). Já a Great Energy arrematou a área Lagoa Verde por R$ 315 mil (ágio de 1.462,58%).
R$ 22,2 milhões arrecadados
O governo arrecadou R$ 22,2 milhões em bônus de assinatura no primeiro ciclo de oferta permanente, no qual foram oferecidas áreas que não haviam despertado o interesse de investidores no passado. A previsão de investimento total para os blocos e áreas arrematados é de R$ 320,2 milhões.
Ao todo, dez empresas saíram vencedoras, do Brasil e dos Estados Unidos. Muitas delas são estreantes no país. O bônus de assinatura foi de R$ 15,3 milhões e o ágio médio, de 61,48% para as áreas exploratórias. Já nas acumulações marginais, o bônus foi de R$ 6,98 milhões e o ágio médio, de 2.221%.
A licitação teve como foco, principalmente, empresas de pequeno e médio portes. Mas, em Sergipe conseguiu atrair a gigante Exxon Mobil, em consórcio com a brasileira Enauta e com a norte-americana Murphy.
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A Bacia de Campos, que costuma despertar o apetite das grandes petroleiras, não recebeu ofertas. "Acabamos de ver uma metodologia que começa de forma positiva. Planejamos o leilão de forma despretensiosa, achando que haveria interesse por uma única área. Então, o resultado foi surpreendentemente positivo", afirmou o diretor-geral da ANP, Décio Oddone.
Com esse leilão, cresceu em 11% no número de contratos de exploração firmado entre empresas e a União. "Não é pouco para a nossa indústria, se considerarmos que na 15ª Rodada não contratamos nenhuma área terrestre. E agora estamos vendo empresas de pequeno e médio porte entrando nas bacias terrestres tradicionais", destacou o diretor-geral da ANP, acrescentando que esse é o primeiro leilão em que a Petrobras não participa e, mesmo assim, "foi um sucesso".
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