Enquanto a Amazon se consolida como principal vendedor de livros do mundo, livrarias gigantes no Brasil pedem recuperação judicial. Desde 2010, o mercado de livros passou por profundas transformações, incluindo crises em editoras e livrarias, o fim da Cosac Naify e o surgimento de maneiras alternativas de leitura, como ebooks e audiolivros. A saga "Harry Potter" também chegou ao fim, e hoje pipocam poetas no Instagram.
Nascida nos anos 1990, a Amazon se consolida como um dos principais pontos de venda de livros do mundo e chega ao Brasil em 2012, pondo em xeque o modelo de negócios das livrarias.
Livrarias entram em colapso. A face mais visível é a recuperação judicial das duas principais redes, Cultura e Saraiva. Mas o IBGE aponta que apenas 17,7% das cidades brasileiras tinham livrarias em 2018 (em 2001, eram 42,7%).
A crise também respingou nas editoras, que veem o número de livros vendidos despencar ano após ano. Até novembro de 2019, o faturamento encolheu 8,31% se comparado com o mesmo período de 2018.
A Companhia das Letras se consolidou como o principal conglomerado editorial brasileiro, com 17 selos e uma série de fusões (a última delas com a Zahar, em outubro). Em 2018, a Penguin Random House assumiu o controle acionário majoritário do grupo.
Uma das principais editoras do país, a Cosac Naify fechou as portas em 2015. A visão editorial da empresa, somada aos avanços tecnológicos na impressão de livros, melhorou a qualidade gráfica dos títulos publicados no Brasil.
A saga "Harry Potter", fenômeno editorial que vendeu mais de 450 milhões de exemplares no mundo, teve seu fim em 2016. A autora, J. K. Rowling, publicou "A Criança Amaldiçoada" -uma peça de teatro que encerra a história do bruxo.
Outras formas de leitura surgiram, mas ainda sem resultados expressivos no Brasil. Nos Estados Unidos, os audiolivros geraram quase US$ 1 bilhão em 2018 e crescem a taxas de 25% ao ano (no Brasil, o formato começou a decolar em 2019). Já os ebooks se estabilizaram ao redor do planeta, mas aqui nunca atingiram vendas expressivas.
As redes sociais criaram uma nova figura: os instapoetas, que escrevem na internet, mobilizam fãs e criam conteúdos para marcas. Com uma base consolidada de leitores, eles atingem resultados expressivos quando lançam livros. A indiana Rupi Kaur, por exemplo, vendeu 400 mil exemplares no Brasil, somando seus dois livros.
A década também foi marcada por fenômenos editoriais que duraram apenas um piscar de olhos. Os livros de colorir e os títulos escritos por youtubers estão aí para provar.
Com livrarias e editoras em crise e possibilidade tecnológica de editar e imprimir seu próprio livro em casa, a década foi de autores que mudaram a intermediação na relação com o mercado editorial e passaram a se autopublicar e a carregar suas obras embaixo do braço. Nunca se ouviu tanto aquela famosa frase: "Oi, você gosta de poesia?".
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