Os principais indicadores financeiros do Brasil tiveram forte deterioração desde que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu interferir no comando da Petrobras e sinalizar outras intervenções.
Entenda como funciona o contágio da Petrobras nos outros indicadores econômicos:
AÇÕES DA PETROBRAS
A primeira consequência foi a queda no preço das ações da estatal do petróleo, que já recuaram quase 20% nesta segunda-feira (22). Avaliação de analistas é que a empresa possa ser utilizada para bancar políticas que resultem em perda financeira para a companhia, como subsidiar os consumidores de combustíveis.
AÇÕES DE OUTRAS ESTATAIS
As afirmações do governo de que haverá intervenções em mais áreas e empresas também derrubou as ações de outras estatais, como Eletrobras e Banco do Brasil. A primeira perdeu seu presidente recentemente, diante dos entraves à sua privatização. O BB também já foi alvo de críticas de Bolsonaro.
QUEDA DO IBOVESPA
Como essas ações têm participação significativa no índice Ibovespa, que reúne o conjunto de ações mais negociadas, contribuiu para a queda do principal indicador do mercado acionário brasileiro.
DÓLAR E RISCO-PAÍS
A percepção de que o governo poderá manipular outros preços de mercado ou adotar soluções que gerem prejuízos para o Tesouro Nacional também ajudam a contaminar outros indicadores, como dólar e risco-país.
IMPACTO NA INFLAÇÃO E NOVOS JUROS
As altas do dólar e do risco Brasil, por sua vez, também ajudam a alimentar as expectativas de inflação e de necessidade de altas maiores de juros no futuro para conter os índices de preços e a fuga de recursos do país.
OUTRAS INTERVENÇÕES
Governos Lula e Dilma Rousseff
Em 2014, a ANA (Associação Nacional de Proteção dos Acionistas Minoritários) calculou perda de mais de R$ 130 bilhões de geração de caixa devido à defasagem nos preços das combustíveis desde 2002, quando a estatal passou a adotar a política de suavizar o repasse de custos internacionais ao mercado interno.
O Centro Brasileiro de Infraestrutura calculou perda de R$ 71 bilhões de 2011 a 2014.
Segundo informações divulgadas pela própria estatal, a ingerência política, não só no preço dos combustíveis, mas também nas políticas de investimentos da empresa, deram mais prejuízo que os casos de corrupção descobertos na Operação Lava Jato.
Governo Michel Temer
A saída de Pedro Parente do comando da Petrobras, em 2018, no governo Michel Temer, foi vista como um sinal de que as necessidades do governo interferiram na empresa, durante a crise da greve dos caminhoneiros, e de que essa ingerência poderia aumentar no futuro.
Como resultado, as ações da estatal despencaram quase 15%. Cedendo à pressão dos caminhoneiros, o governo anunciou na época redução no preço do diesel por 60 dias e determinou que os reajustes passariam a ser mensais. Também determinou que o Tesouro cobriria parte do prejuízo da empresa, mas não toda a perda.
Governo Jair Bolsonaro
Em abril 2019, Bolsonaro disse que ligou para o presidente da estatal quando soube de um aumento de 5,7% no óleo diesel e mandou suspender o reajuste. Após Bolsonaro ordenar a suspensão da alta, a Petrobras perdeu R$ 32,4 bilhões em valor de mercado.
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