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Entenda o impacto do novo FGTS no financiamento da casa própria

Entenda o impacto do novo FGTS no financiamento da casa própria

Setor vê decisão preservando operações de financiamentos e empréstimos realizadas pelo fundo de garantia

Publicado em 13 de junho de 2024 às 09:41

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SÃO PAULO - A nova forma de correção do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) acalmou o mercado imobiliário, que temia um reajuste pelo rendimento da poupança.

Na quarta-feira (12), o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu manter a remuneração reajustada pela TR (taxa referencial) mais 3% e a inclusão da distribuição de lucros do fundo para os trabalhadores, como é feito desde 2017. Porém, caso o valor seja inferior à inflação oficial, o saldo do FGTS será reajustado pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

A decisão vale a partir da publicação da ata do julgamento, que deve ser feita nesta quinta (13), sem efeito retroativo. Para a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), a medida contribui substancialmente para a sustentabilidade da indústria da construção civil e incorporação imobiliária.

O levantamento mostrou um contínuo otimismo do mercado para lançamentos no Estado
O levantamento mostrou um contínuo otimismo do mercado para lançamentos no Estado. (Shutterstock)

"A decisão também vai permitir que continuemos a enfrentar o alto déficit habitacional no Brasil, estimado em 7,8 milhões de moradias, segundo a FGV. Além disso, destaca-se a importância dessa medida para a manutenção do Minha Casa, Minha Vida, que, de acordo com dados do Ministério das Cidades, já contratou mais de 7,7 milhões de moradias ao longo dos últimos 15 anos e depende dos recursos do FGTS para permitir o acesso de famílias de baixa renda ao programa", afirma Luiz França, presidente da Abrainc.

O Secovi-SP afirma que, a decisão, que vale para depósitos futuros, "preservou de maneira inequívoca as operações de financiamentos e empréstimos realizadas pelo FGTS".

O fundo de garantia é usado para financiar políticas públicas, como saneamento e habitação, sendo a principal fonte de recursos para o crédito imobiliário às famílias de baixa renda, como o Minha Casa, Minha Vida. Com taxas de juros bem abaixo do mercado e subsídios, o programa federal atende famílias com renda de R$ 2.000 a R$ 8.000.

"O IPCA hoje está mais baixo que o rendimento da poupança, então é um impacto ruim para baixa renda e irrelevante para o restante do mercado", afirma Victor Tulli, CFO da Lobie, startup imobiliária.

A decisão da Corte seguiu a proposta do governo federal, representado pela AGU (Advocacia-Geral da União), que temia que o STF optasse por corrigir o FGTS pelo rendimento da poupança — o que afetaria fortemente os recursos para a habitação.

Em documento entregue anteriormente aos ministros do STF, cálculos da Caixa mostram que cerca de 234 mil famílias com renda de até R$ 2.000 não teriam tido acesso ao Minha Casa, Minha Vida neste ano se o fundo de garantia fosse remunerado pela poupança. Outras 129.630 famílias não seriam beneficiadas com valor de desconto que representa quase dez vezes a renda familiar.

Toda mudança no FGTS é sinal de alerta para o mercado imobiliário, que teme uma falta de recursos para a habitação. De acordo com projeções do governo, só com a lei do saque-aniversário mais de R$ 100 bilhões saíram do FGTS para bancos comerciais.

Na reunião do Conselho Curador do FGTS, em 23 de julho, o governo federal vai encaminhar voto para ampliar em R$ 20 bilhões a R$ 25 bilhões o valor destinado ao segmento.

Atualmente, são destinados R$ 105 bilhões do orçamento do FGTS para habitação popular.

O que é o FGTS e como ele funciona?

O FGTS funciona como uma poupança para o trabalhador. O fundo foi criado em 1966, com o fim da estabilidade no emprego, e passou a valer a partir de 1967. Todo mês o empregador deposita 8% sobre o salário do funcionário em uma conta aberta para aquele emprego.

Há ainda a multa de 40% sobre o FGTS caso o trabalhador seja demitido sem justa causa. Desde a reforma trabalhista de 2017, há também a possibilidade de sacar 20% da multa após acordo com o empregador na demissão.

O fundo é utilizado em políticas públicas de habitação, saneamento básico e infraestrutura urbana, conforme prevê a legislação.

O saque do FGTS é autorizado apenas em 16 situações previstas em lei. Fora isso, o trabalhador não tem acesso ao dinheiro.

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