A falta de uma liderança definida para gerir a crise da pandemia do novo coronavírus no Brasil é o maior problema do país na atualidade. Essa é a opinião do ex-ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso e ex-presidente da Petrobras Pedro Parente, que foi o líder do comitê de crise do apagão de 2001.
"Não basta apenas a liderança se não tiver processo que permita autonomia. Na época do apagão, foi apenas uma medida provisória, que dava autonomia para o comitê. A gente vê descoordenação, dentro do próprio âmbito federal", disse ele durante reunião virtual promovida pela XP nesta quarta-feira (25).
José Galló, CEO das lojas Renner, Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo, e Paulo Chapchap, CEO do hospital Sírio Libanês, também participaram do encontro.
"Essa crise tem um aspecto particular que é o fato de que as medidas necessárias para lidar com a crise da saúde vão gerar problemas das mais diversas naturezas sociais e econômicas", disse Parente.
Ele afirma ainda que o problema da saúde está sendo bem combatido pelo ministro Luiz Henrique Mandetta.
"Tem que ter clareza que o esforço é muito maior do que o que foi falado até agora. O aumento da dívida pública precisa acontecer para que a gente possa sair dessa crise de uma maneira que não prejudique muito o país", disse Parente.
Segundo ele, princípios de austeridade devem ser deixados de lado nesse momento. "Temos que entender que precisamos de um tratamento muito mais amplo do que aquele que está sendo colocado. É um gasto que acontece de uma vez só. Não é recorrente. Temos que ter uma certeza no menor prazo para ter a menor recessão econômica."
Galló, da Renner, avalia que, quando as medidas econômicas aparecerem, as pessoas vão se sentir mais confiantes.
"Na saúde temos um líder que está dizendo as coisas com muita clareza. Na área econômica ninguém está falando. As áreas deveriam se conversar", afirmou.
O ex-governador do Espírito Santo também diz ser necessário um investimento do governo. "Precisamos alocar recursos públicos para fazer uma travessia desse tsunami que estamos vivendo."
O CEO do Sírio, Chapchap, concorda com a necessidade de liderança. "O Pedro tem razão. Precisamos ter um rosto e não uma responsabilidade compartilhada. A gente precisa de um [ex-primeiro ministro do Reino Unido Winston] Churchill. Nesse momento eu deixaria no Mandetta, que tem equipe potente e sensibilidade social."
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