O faturamento da indústria de transformação e as horas trabalhadas na produção mantiveram trajetória de queda em agosto, segundo pesquisa Indicadores Industriais divulgada nesta segunda-feira (04) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O faturamento real caiu 3,4% em agosto na comparação com julho, na série livre de efeitos sazonais. Já em relação ao mesmo mês do ano passado, o indicador recuou 0,2%. No ano, de janeiro a agosto, o faturamento real da indústria de transformação acumula queda de 6,4% na série dessazonalizada.
O indicador de horas trabalhadas na produção registrou retração de 0,3% em agosto na comparação com julho. Segundo os dados da pesquisa da CNI, desde fevereiro de 2021, as horas trabalhadas têm apresentado quedas consecutivas mensais, com exceção de julho, em que houve estabilidade. A queda acumulada em 2021, de janeiro a agosto, é de 4,7%.
"Essa queda tem refletido umas quebras de cadeia produtiva com falta de insumos para diversos setores da indústria de transformação", diz a economista da CNI Maria Carolina Marques. Um exemplo disso, segundo ela, é o que tem ocorrido na indústria automotiva. "O que tem acontecido muito, por exemplo, é a falta de microchips para a indústria automotiva, que tem paralisado montadoras de veículos. Só que isso não afeta apenas o setor automotivo. Quando uma fábrica de automóveis para, ela para de adquirir aço, para de adquirir plástico, tecidos para fazer os bancos dos veículos e isso acaba tendo um efeito ao longo da cadeia produtiva e espraiando esse efeito para diversos setores da indústria de transformação", afirma.
Com relação ao indicador de emprego da indústria de transformação, houve um ligeiro crescimento de 0,1% em agosto em relação ao mês anterior. Desde agosto do ano passado, o indicador apresenta altas mensais. No acumulado de janeiro a agosto de 2021, o emprego da indústria tem crescimento de 3,8%.
A massa salarial real voltou a crescer em agosto, com variação positiva de 0,8% ante julho. O indicador acumula crescimento de 0,7% em 2021, de janeiro a agosto. Apesar dessa alta, a massa salarial real está 2,6% abaixo do nível observado em fevereiro de 2020, período pré-pandemia da covid-19. "Apesar da forte recuperação das horas trabalhadas no segundo semestre de 2020, em nenhum momento a massa salarial real voltou ao nível de antes da pandemia", diz a pesquisa.
O rendimento médio real apresentou uma alta de 0,5% em agosto em relação ao mês anterior, na série livre de efeitos sazonais. Apesar desse crescimento, o indicador de rendimento médio real vem consolidando uma tendência de queda. No ano, de janeiro a agosto, o indicador apresenta uma retração de 2,0%. "A alta da inflação contribui para a redução do rendimento médio real dos trabalhadores", diz a pesquisa.
Com relação à Utilização da Capacidade Instalada (UCI), os Indicadores mostram que ela continua elevada, acima de 80%. A UCI está há seis meses acima dos 80%. Em agosto, o indicador apresentou ligeira queda de 0,1% em relação a julho, atingindo 82,3%.
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