A maioria dos trabalhadores brasileiros, quando tem uma oportunidade, não costuma pensar duas vezes: saca logo todo o dinheiro que possui no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Com a possibilidade de fazer um saque-aniversário - retirada anual a partir de 2020 - muita gente já planeja pegar o dinheiro. Mas, afinal, será que não é melhor deixar o valor rendendo no próprio Fundo?
Conhecido por render menos até que a poupança, o FGTS nunca foi bem quisto por quem investe seu dinheiro. Porém, a mudança nas regras de divisão dos lucros do Fundo alterou sua rentabilidade. Com isso, passou, sim, a ser mais vantajoso deixar o dinheiro quieto, rendendo, do que fazer o saque e investir em opções como a poupança e outras que garantem uma renda fixa.
Este ano, por exemplo, como parte da divisão dos lucros, a cada R$ 1 mil que o trabalhador tinha no FGTS no final de 2018, receberá R$ 30,88 a mais na conta. Segundo informações da Caixa, com a divisão dos lucros, o Fundo apresentou um rendimento total de 6,18% no ano. O valor, no entanto, deverá variar nos anos seguintes de acordo com o rendimento que o FGTS tiver.
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O doutor em Contabilidade e Controladoria Fernando Galdi destaca que, com a nova regra do FGTS, a o fundo fica mais rentável que a poupança, que tem ganho real esperado de 4,2% em 12 meses, e ao CDB, com 4,5% em um ano. "Além disso, o FGTS é livre de impostos, o que faz com que a rentabilidade líquida fique mais atrativa", acrescenta.
LIQUIDEZ
O planejador financeiro e sócio da Alphamar Investimentos Renan Lima explica que o Tesouro Selic, outra possibilidade de investimento, apresenta um rendimento semelhante ao da nova forma do FGTS. Porém com o Tesouro Selic o investidor tem mais liquidez.
"Em termos de rendimento, nesse caso, seria trocar seis por meia dúzia. Mas o FGTS você tem dificuldade de acesso - não é sempre que você pode fazer o saque. Isso faz com que ele tenha uma baixa liquidez. Já o Tesouro Selic não apresenta este problema", comenta Renan.
"Mas saindo da renda fixa e entrando na variável, você consegue ter um retorno maior. O retorno, no entanto, não é garantido e funciona melhor num prazo mais longo. Se a pessoa não for precisar do dinheiro num prazo de cinco anos, é interessante investir na renda variável. Já se o dinheiro for usado entre dois e cinco anos, é melhor deixar na renda fixa", avalia.
DÍVIDAS
Agora, se o trabalhador está com dívidas, é até indicado que ele faça o saque-aniversário do FGTS para ajustar sua vida financeira. "Geralmente, as taxas de endividamento são bem maiores que os 6% do FGTS. Isso faz com que seja interessante tirar o dinheiro do fundo para o pagamento de dívidas", orienta o co-founder da Upthinkr e Professor da Fucape, André Moura.
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"O que não dá certo é tirar o dinheiro do FGTS e deixar parado na poupança", completa. Vale destacar que as pessoas que optarem pelo saque-aniversário poderão resgatar um percentual do fundo somado a uma parcela adicional. Ao confirmar a mudança, o trabalhador não poderá, por exemplo, efetuar o saque do FGTS em caso de demissão.
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