A pressão de empresários pelo afrouxamento precoce da quarentena pode prolongar o sofrimento econômico, na opinião do investidor Lawrence Pih, que estima uma contração entre 8% e 10%? do PIB brasileiro neste ano, sem uma condução adequada das medidas para conter o contágio do coronavírus.
"É um interesse próprio. Eles não estão na linha de frente. Não têm que tomar transporte coletivo, onde o distanciamento social é impossível. É cômodo. Muitos [dos empresários que pedem reabertura] trabalham pela internet. Vamos imaginar o servidor público que trabalha na saúde. Esse enfrenta o risco todo dia", afirmou Pih na transmissão desta segunda (1º) do Ao Vivo em Casa, a série de lives da Folha de S.Paulo para debater questões da pandemia.
"Se não continuamos com uma quarentena relativamente rigorosa, vai aumentar o contágio e o processo de abertura será mais lento. É importante que neste momento a gente tome medidas mais drásticas. Vai desaquecer a economia? Sim. Vai ter redução de emprego? Sim. Entretanto, se não fizermos isso, o processo vai se alongar", ele afirma.
Pih, que foi um dos primeiros empresários a apoiar o PT nos anos 1980 e três décadas depois foi também um dos primeiros a criticar o governo Dilma Rousseff publicamente, afirma que a gestão Bolsonaro não está à altura dos desafios que o Brasil tem a enfrentar.
"Em nenhum momento nos meus 68 anos no Brasil eu presenciei uma situação em que três grande crises se juntam, a econômica, a política e a de saúde. O Brasil passa por uma situação bastante difícil. E é neste momento que precisamos de líderes que tenham visão de estadista. Este governo, infelizmente não está à altura dos desafios que o Brasil enfrenta hoje", afirma.
No final do ano passado, Pih previa um crescimento do PIB em torno de 1% para o Brasil em 2020. Hoje, ele espera contração entre 8% e 10% para o ano. Só será possível voltar aos níveis de renda per capita de 2019 daqui a cinco anos, segundo as estimativas dele.
Na avaliação do investidor, o governo precisa garantir a renda da população carente e prolongar o auxílio de R$ 600. "Neste momento temos que nos preocupar menos com as questões fiscais e focar mais na necessidade da população", afirma.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta