Em entrevista ao Fantástico deste domingo (3), uma funcionária da Caixa acusou o ex-vice-presidente de Negócios de Atacado do banco, Celso Leonardo Barbosa, de ter acobertado abusos cometidos por Pedro Guimarães na instituição. Segundo a servidora, Barbosa vigiava as mulheres que não cediam aos assédios do então presidente do banco.
De acordo com a funcionária, que preferiu não ser identificada, as mulheres "marcadas" pelo ex-presidente eram subordinadas a Barbosa, que tentava acobertar o caso. Ela diz que o executivo fingia acolher as mulheres que resistiam aos assédios de Guimarães para monitorar se havia o risco de denúncia por parte das servidoras.
Em nota, a defesa do ex-vice-presidente afirma que o executivo pediu desligamento do banco mesmo não havendo "absolutamente nada em seu desfavor" e entende que a decisão foi necessária "para que não se questione a imparcialidade das acusações".
Barbosa era tido como o número 2 de Guimarães e o substituía com frequência no comando da instituição, além de ser um aliado próximo do ex-presidente. O executivo deixou o cargo na sexta-feira (1°), após as suspeitas de que ele poderia ter acobertado a situação no banco.
Numa reunião, o conselho tentou definir a forma de saída de Barbosa: por destituição imediata ou por um afastamento por prazo determinado, enquanto novas informações eram coletadas. Barbosa preferiu, porém, renunciar ao cargo.
Os relatos das vítimas e de outros funcionários indicam que os episódios eram conhecidos por ao menos parte da diretoria e dos vice-presidentes. Após a indicação de possível envolvimento de outros integrantes da cúpula da instituição, o conselho de administração do banco decidiu contratar uma auditoria externa para apurar as acusações.
Barbosa ingressou na Caixa em janeiro de 2019 como assessor estratégico da presidência do banco e tornou-se vice-presidente em março de 2020.
A nova presidente da Caixa, Daniella Marques, deseja criar um comitê de crise para apurar os episódios narrados pelas vítimas e identificar outros possíveis envolvidos.
As acusações de assédio sexual contra Pedro Guimarães foram reveladas na terça-feira (28) pelo portal Metrópoles, que relatou também a existência de uma investigação no Ministério Público Federal.
As mulheres narraram episódios como toques íntimos sem consentimento, convites incompatíveis com o ambiente profissional e outras condutas inapropriadas. À Folha, uma funcionária relatou ter sido puxada pelo pescoço e ter ficado em choque após o episódio.
Ao Fantástico o advogado de Guimarães, José Luis Oliveira Lima, negou todas as acusações.
A Caixa informou na semana passada que uma investigação interna sobre assédio foi instaurada em maio e está em andamento, mas corre em sigilo, na corregedoria da instituição.
Além disso, a presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), ministra Ana Arraes, determinou a abertura de uma fiscalização na Caixa Econômica Federal para verificar toda a política de prevenção e combate ao assédio sexual no banco.
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