O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, avaliou nesta terça-feira, 16, que o debate sobre as eleições à presidência dos Estados Unidos tem impactado a discussão econômica. Ele participou nesta tarde de um fórum organizado pelo Sicredi em Anápolis (GO).
Segundo Galípolo, há hoje uma vertente que diz que uma política protecionista nos Estados Unidos geraria impacto inflacionário maior, trazendo custos para a política monetária. Por outro lado, segundo ele, há visões de que o candidato Donald Trump, se eleito, poderia enfraquecer o dólar para obter maior competitividade.
Assim, Galípolo afirmou que é necessário maior cautela na gestão da política monetária. Ele disse ainda que, como cidadão, há uma preocupação quanto à ideia de desglobalização. "Desafio é pensar como reconstruir e avançar no processo de integração das economias", disse.
O diretor de Política Monetária do BC afirmou que vários fatores econômicos, como o mercado de trabalho mais aquecido, sugerem que o processo de desinflação deve ser mais lento e custoso. Ele disse ainda que os juros mais altos nos Estados Unidos costumam ser mais adversos aos países emergentes, mas reforçou que não há uma relação mecânica.
Galípolo reiterou que a prioridade do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central é de atingir uma convergência de expectativas. Segundo ele, diferentemente do que imaginado, uma queda na inflação corrente piorou o quadro de expectativas.
O diretor esclareceu ainda que, quando o Copom menciona com mais ênfase uma variável, como as expectativas, por exemplo, não significa que ela tenha maior peso na análise dos técnicos.
"É importante esclarecer que, desde que cheguei, tiveram vários momentos em que a gente dava mais ênfase a um tema específico (...) Isto não significa que estamos dando um peso diferente para aquela variável nas nossas análises. Nós estamos simplesmente tentando ser transparentes e comunicar aos agentes o que está nos preocupando mais no momento e chamando nossa atenção", disse.
O diretor de Política Monetária do BC avaliou que o debate sobre a desaceleração econômica da China voltou a ganhar força com dados recentes. Por outro lado, segundo ele, nos Estados Unidos, a discussão sobre juros é mais sobre "quando" do que de "direção", no que diz respeito à redução das taxas.
Durante sua fala, Galípolo reforçou que o debate global é sobre quando os bancos centrais avançados vão começar a flexibilizar as taxas de juros. O diretor ponderou que o Brasil tem uma vantagem competitiva em segurança alimentar, por exemplo. "Segurança alimentar vem ganhando maior peso e Brasil pode aproveitar esse cenário de pleitear posição melhor", disse.
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