Assim como ocorreu com a gasolina, a Petrobras reformulou a política de preços, dessa vez, do gás de cozinha. A mudança atinge os botijões de até 13 quilos.
Os consumidores residenciais terão que pagar preços alinhados ao mercado externo, ou seja, o valor de venda na distribuidora será definido a partir da oscilação da commodity no comércio internacional. Com isso, as famílias vão sentir na hora que o custo para cozinhar aumentou.
Antes, o preço do GLP (GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), vendido pelas distribuidoras, era revisto a cada três meses, o que dava certa estabilidade ao valor cobrado do cliente final. Após a alteração, o reajuste pode ser feito a qualquer momento, para mais ou para menos.
Além disso, a partir de agora, o valor do botijão terá o acréscimo dos preços de frete marítimo, despesas internas de transporte e uma margem para riscos da operação.
Para o economista Antônio Marcus Machado, a variação dos preços do gás de cozinha afeita principalmente as classes mais baixas. Nem sempre haverá redução nos preços. Vai depender das condições do mercado externo. As classes mais baixas sempre serão as mais atingidas por esse fator, explica.
Ele ainda informa que o reajuste depende de vários fatores. Um deles é que a cadeia de petróleo e gás é influenciada pelo mercado internacional.
Já o proprietário da distribuidora Bessa Gás, Vanderson Vervloet, de 35 anos, está preocupado com o anúncio do reajuste. Segundo ele a Petrobrás passou a alteração do preço para as companhias de gás, mas elas ainda não repassaram a informação para as distribuidoras. Isso pode causar um conflito com o consumidor na hora da venda.
Uma resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) determina que esse produto tenha preços menores do que o gás industrial e comercial. Em nota, a Petrobras afirma que segue respeitando esta regra, mas que "os preços do GLP industrial/comercial e do residencial envasado em botijões de até 13 kg (P13) passam a ter um alinhamento maior.
ENTENDA AS MUDANÇAS
Comercialização
Antes, o preço do gás era reajustado a cada trimestre, agora preço pode mudar a qualquer momento.
Consumidor
A mudança fará o cliente sentir na hora a alta e baixa no preço do botijão. Os mais afetados serão os que utilizam diariamente o gás de cozinha.
Reajuste
O produto passa a adotar como referência o preço de paridade da importação. Além disso, o valor para o botijão também terá o acréscimo dos preços de frete marítimo, despesas internas de transporte e uma margem para riscos da operação.
Valores
Com o reajuste desta segunda-feira (05/08), os preços do gás industrial e do P13 passaram a valer, respectivamente, R$ 1.953,10 (redução média de 13,3%) e R$ 1.853,70 (8%) por tonelada.
Novas medidas para reduzir preço
Com a promessa de derrubar o preço do gás natural em até 40%, a nova política para o setor precisará de medidas adicionais para que a redução chegue à cozinha do brasileiro. Estudo divulgado nesta semana pelo Ministério da Economia lista três medidas para melhorar a competitividade do preço aos consumidores residenciais.
Produzido pela Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (Secap) da pasta, o documento defende o fim da política que concentrou o mercado de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) nos botijões de até 13 quilogramas (kg). A medida pode ser implementada ainda neste mês.
O documento também pede que o Conselho Nacional de Política Econômica (CNPE) recomende à Agência Nacional do Petróleo (ANP) um posicionamento sobre duas medidas anunciadas pelo governo: a liberação da venda fracionada de gás de cozinha e o enchimento de um mesmo botijão por diferentes marcas.
Entende-se que essas mediadas constituem o ponto de partida para um processo de abertura efetiva do mercado de GLP à multiplicidade de agentes em todos os elos da cadeia, de modo a proporcionar benefícios aos consumidores em decorrência do aumento da concorrência, destacou o documento. Nesse sentido, a Secap visa contribuir com a discussão, para que os benefícios advindos do choque de energia barata também possam ser auferidos pelos consumidores residenciais do botijão de gás de cozinha, diz o documento.
Fim de restrições
Prevista para ser decidida na reunião do CNPE no fim deste mês, a primeira medida pretende acabar com a política de preços diferenciados e com as restrições de mercado para botijões de gás de até 13 kg. Presentes em 72% do mercado nacional de gás, esses botijões têm o uso proibido em motores, no aquecimento de saunas e piscinas, em caldeiras industriais e em veículos.
Segundo o estudo, essa política barra a entrada de novos agentes no mercado e desestimula a concorrência. Para o Ministério da Economia, não existem provas de que os preços subsidiados para botijões de até 13 kg favoreçam apenas os mais pobres. Segundo a pasta, a população com renda mais elevada apropria-se do benefício. Na avaliação da secretaria, o fim das restrições não resultaria em aumento de preços, mas em aumento de competitividade.
Fracionamento
Em relação ao enchimento fracionado de recipientes, o documento informou que as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para o abastecimento a granel de GLP aplica-se a todos os tipos de recipientes e volumes, sem normas específicas para o enchimento do botijões de 13 kg. Para a secretaria, a venda fracionada pode criar novos modelos de transporte e de compra do gás, resultando em preços mais baixos para o consumidor.
É possível que, com o fracionamento, venha a existir um modelo de negócios, a exemplo do Uber Eats e iFood que compra alimentos de quaisquer restaurantes e entregam em domicílio, provisionando gás para o consumidor (de qualquer peso) residencial, a partir de qualquer ponto de abastecimento normatizado por meio de regras ABNT, ressaltou o relatório.
Troca de botijões
Em relação ao fim da proibição de que um botijão de uma distribuidora seja retornado e enchido por outra, o Ministério da Economia alega que a medida permite a entrada de mais agentes no mercado de distribuição. Isso porque a necessidade de destrocar vasilhames de marcas diferentes da distribuidora antes do enchimento aumenta os custos, beneficiando empresas grandes.
Segundo a pasta, os países que derrubaram a restrição à troca de botijões viram a concorrência aumentar. Em Portugal, por exemplo, não era permitida a troca de botijões, mas após investigação do órgão de defesa do consumidor, constatou-se que tal prática resultava em falta de competição no mercado, a tal ponto de seus preços serem injustificadamente superiores aos praticados na Espanha, destacou o estudo.
O Ministério da Economia recomendou mais estudos sobre a prática, com a possibilidade de criação da figura de um Trocador Independente de Botijões, empresa que atuaria com regulação do governo e com remuneração pré-definida (recebendo quantia fixa) para encher botijões de marcas distintas.
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