O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu nesta sexta-feira (18), que esperava avançar com mais ímpeto nas reformas econômicas. Em dois anos de governo e com uma pandemia no meio do caminho, apenas uma das grandes reformas (a da Previdência) foi aprovada pelo Congresso, e as privatizações patinam nas resistências políticas à redução da participação estatal em empresas.
"Eu esperava avançar com mais ímpeto? Sim", respondeu Guedes, em coletiva virtual para apresentar o balanço de fim de ano.
O ministro disse que até agora não se sabe se o governo é reformista ou não porque "na hora da verdade chegou um vendaval" . "Só achamos nosso eixo político agora", comentou.
Agora, com uma base aliada mais ampla no Congresso, Guedes disse que, pautando as reformas, será possível ver se governo é reformista ou não. "Pode ser que realmente eu não consiga entregar algumas coisas, aí vou pedir desculpas", reconheceu.
O ministro disse que sempre houve uma aliança entre o centro conservador e a liberal-democracia, e avaliou ser natural perguntar ao liberal o que acha do conservador em matéria econômica. "O presidente tem um instinto, ele mostra capacidade de entender o peso do Estado. Mas é natural, governos militares deixaram legado de obras. Então é natural pensar em fazer obra, usar empresas estatais", justificou.
Apesar de ter admitido que esperava avançar com mais ímpeto, Guedes disse que houve obstáculos que, em sua avaliação, não foram colocados pelo presidente. Ele citou como evidência disso o fato de Bolsonaro ter levado ao Parlamento a proposta do pacto federativo, com medidas de desvinculação e desindexação de despesas.
Segundo o ministro, muitos críticos das medidas também estavam colocando barreiras a seus avanços. "Sou acusado de não estar sendo liberal o suficiente. Isso é reconfortante", disse.
Apesar de ter avançado menos que esperava, Guedes disse achar que o governo e o País reagiram bem ao teste imposto pela tragédia da covid-19. Ele ainda fez um aceno ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tido hoje como seu desafeto após uma série de desentendimentos entre os dois. "Apesar de disfuncionalidades, presidente da Câmara nos ajudou. Compreendemos quando houve caminhos bloqueados, mas queremos superação disso", afirmou.
A disfuncionalidade, na visão de Guedes, é o fato de Maia não ter pautado matérias que foram plataforma de campanha do governo Jair Bolsonaro.
Em um tom amigável, o ministro defendeu que não se pode entrar num clima de briga, de ódio. E concluiu a entrevista coletiva desejando a todos "saúde e vacinação para todo mundo".
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