O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta sexta-feira (1º) que é necessário criar uma solução para o aumento do preço dos combustíveis. Segundo ele, no entanto, a saída precisa ser fiscalmente responsável.
"Temos a tarifa social para a energia elétrica, temos que produzir uma solução para os combustíveis. Mas sempre com duplo compromisso de proteger também as futuras gerações, em vez de simplesmente, como no passado, recorrer a financiamento inflacionário e medidas populistas", afirmou em evento no Palácio do Planalto.
"Estamos agora diante de um desafio, nesse duplo compromisso [saúde e economia], com a subida da inflação, dos preços de combustíveis, da energia", disse.
Governo e aliados no Congresso discutem possíveis ações para conter o aumento nos preços e a perda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro. Uma delas é a criação de um fundo a ser abastecido com recursos públicos para subsidiar os valores.
Guedes aproveitou o discurso de proteção aos vulneráveis para cobrar mais uma vez do Senado a aprovação do projeto que altera regras do Imposto de Renda. A proposta faz parte da solução buscada pela equipe econômica para respaldar juridicamente o programa Auxílio Brasil (substituto do Bolsa Família).
O governo também busca, para executar o novo programa social, a PEC (proposta de emenda à Constituição) que flexibiliza os precatórios -para abrir espaço no teto de gastos (que impede o crescimento real das despesas). Guedes disse que aguarda uma orientação do STF, que acompanha o assunto e pode julgar a constitucionalidade do texto final da PEC.
"Nós vamos pagar os mais frágeis e vulneráveis ou os superprecatórios? Temos que escolher. Então estamos esperando essa orientação do Supremo", disse. Apesar de Guedes opor um tema a outro, o tenta essa saída após deixar de cortar despesas em outras áreas.
"Mas fizemos a via legislativa. Primeiro o Congresso, que é a Casa que responde ao povo, são os representantes da população, e eles vão nos apoiar", disse.
"O Congresso vai nos ajudar. Precisamos da PEC dos precatórios, que é o que assegura nosso espaço para os programas sociais, e também do [projeto do] imposto de renda", afirmou.
Durante a fala, o ministro chegou a dizer que o auxílio emergencial seria estendido. Mas a assessoria de comunicação de Guedes disse que ele se confundiu.
"O Ministério da Economia esclarece que o governo quer estender a proteção aos cidadãos em situação de vulnerabilidade com o novo programa social Auxílio Brasil, que substituirá o Bolsa Família", afirmou a pasta, em nota.
Bolsonaro e os ministros participaram de evento no Palácio do Planalto de assinatura do decreto da CPR (Cédula de Produto Rural) Verde.
A medida propõe remunerar o produtor rural que executa ações de preservação ambiental na área em que atua.
O evento também serviu de cerimônia sobre as entregas ao Distrito Federal nos mil dias de governo Bolsonaro. O Planalto promoveu uma cerimônia deste tipo em cada unidade da federação.
Estes atos também serviram de palanque a ministros de Bolsonaro que miram as eleições de 2022. No Planalto, a plateia ovacionou a chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL-DF).
O governo teme ser acusado de propaganda eleitoral antecipada por causa dos eventos de mil dias e elaborou parecer para se blindar, como mostrou o jornal Folha de S.Paulo. Em documentos internos, o Planalto recomendou "prudência e cautela" para "afastar possíveis interpretações" deste tipo.
Do evento do Planalto, Bolsonaro também se comunicou, em conexão precária por vídeo, com ministros que participaram de cerimônias em outros estados.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta