Chamado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, de "Posto Ipiranga" do governo para temas econômicos, o ministro Paulo Guedes rechaçou nesta sexta-feira (18), o carimbo de "superministro" e disse ser "o mais vulnerável" e "demissível em cinco minutos". Pressionado de forma recorrente a aumentar gastos, Guedes se comparou a uma represa e afirmou que, se todos os colegas de Esplanada partirem para cima dele em busca de mais despesas, ele vira Brumadinho - em alusão à represa da mineradora Vale que se rompeu, despejou toneladas de rejeitos e matou 270 pessoas.
"Nunca acreditei que sou superministro de nada. Sou demissível em cinco minutos. Quem é que é super se pode ser demissível em cinco minutos? Não existe isso. Uma pessoa que pode ser demitida em cinco minutos não é ser super nada, só se for bobo, só se achar que tem um poder que não tem. Eu sou ministro como os outros e sou o mais vulnerável, sempre fui, sempre disse isso nas nossas reuniões de ministros", disse Guedes em coletiva virtual para apresentar um balanço de fim de ano.
O ministro disse que tem atuação transversal na Esplanada e, por isso, se comparou a uma represa.
Ele afirmou que pode atuar como Itaipu, gerando energia para todo o governo, ou Brumadinho, a represa que foi palco da tragédia no início de 2019, caso todos os ministros comecem a pressionar por gastos e queiram furar o teto de gastos, a regra que limita o avanço das despesas à inflação. "Se todo mundo partir ao mesmo tempo para falar 'vamos furar o teto', viro Brumadinho. O troço vaza, vai embora, em três, quatro meses estou no chão. Não tenho a menor ilusão quanto a isso", comentou
Guedes ressaltou que, embora seja "vulnerável" a todos os ministros, pois todos podem brigar com ele, tem contado com a compreensão dos colegas.
Sem mencionar os embates que já teve com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, ele citou os nomes de Tereza Cristina (Agricultura) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e ministros militares como compreensivos - embora tenha reconhecido que "um militar aqui ou li tem uma resistência". "Mas quando senta e conversa, apoia", emendou.
"Desfrutei da colaboração de ministros e da confiança do presidente em todo esse tempo. Turbulência e confusão são inerentes ao problema (da pandemia)", disse o ministro, afirmando que a doença "deixou todo mundo um pouco tonto, irritado, ansioso".
"Confio que ele (presidente) entende que eu preciso ter espaço para agir", disse Guedes.
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