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Haddad anuncia acordo de reoneração gradual da folha a partir de 2025

Haddad anuncia acordo de reoneração gradual da folha a partir de 2025

Empresas de 17 setores seguem desoneradas em 2024; pacto foi firmado com STF e anunciado ao lado de Pacheco

Publicado em 9 de maio de 2024 às 21:14

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BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta quinta-feira (9) um acordo de conciliação com o STF (Supremo Tribunal Federal) que mantém a desoneração da folha de pagamento de 17 setores neste ano e prevê um aumento gradual da tributação a partir de 2025.

Em 2028, a desoneração estará extinta e as empresas desses setores passarão a pagar alíquota de 20% sobre a folha de salários.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, anuncia acordo sobre desoneração da folha de pagamento ao lado de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado
Haddad anuncia acordo sobre desoneração da folha ao lado de Rodrigo Pacheco. (Marcos Oliveira/Agência Senado)

Com o acordo, as empresas não precisarão recolher o imposto mais alto no próximo dia 20 de maio. O adiamento era uma das exigências dos setores beneficiados pela desoneração.

Ainda não há acordo para a desoneração da folha de pagamento dos municípios. Um entendimento começará a ser costurado, mas Haddad sinalizou que o desenho da proposta será diferente por causa do impacto nas contas da Previdência.

A proposta anunciada por Haddad estabelece um modelo híbrido de desoneração em que a tributação vai aumentando em um quarto por ano.

O modelo prevê uma diminuição gradual da cobrança da CPRB (Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta), o nome técnico da desoneração da folha.

Ao mesmo tempo, a proposta estabelece uma volta, também gradual, da contribuição sobre a folha de salários na direção da alíquota de 20% – valor cobrado hoje das demais empresas que não são beneficiadas pela desoneração.

A alíquota será de 5% em 2025; 10% em 2026; 15% em 2027, chegando ao patamar de 20% em 2028.

Haddad afirmou que o governo também aceitou que a reoneração da folha não recaia sobre o 13º salário, uma contraposta apresentada pelas empresas.

O anúncio foi feito por Haddad ao lado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Congresso Nacional.

Antes da reunião com Pacheco, o ministro foi ao STF para encaminhar formalmente um pedido de modulação da ação ajuizada pela União contra a desoneração das empresas e dos municípios aprovada pelo Congresso.

A concessão de uma liminar pelo ministro do STF Cristiano Zanin suspendendo a desoneração abriu uma crise política com o Congresso que aprovou a medida e depois derrubou veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O governo ainda terá de apresentar uma medida compensatória para bancar a desoneração.

A compensação é uma exigência da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). Foi devido a ausência de medida compensatória que o governo judicializou a desoneração no STF.

O custo da desoneração da folha das empresas em 12 meses, segundo Haddad, é de R$ 10 bilhões. Mas ele não quis antecipar qual seria a compensação, mas acenou que pode ser mais de uma medida.

"Em 2028, está tudo zerado. Todo mundo com a mesma alíquota", disse ministro da Fazenda.

"Nós estamos aceitando a contraproposta dos próprios setores. Uma vez que eles aceitaram, o acordo só precisa ser homologado. Não há necessidade de comissões, relator", disse Haddad. Ele ressaltou que a maioria dos ministros do STF ansiava pela celebração do acordo.

"Foi uma mediação como acontece no mundo civilizado. O Judiciário medeia acordo olhando para os dois lados da equação. E essa mediação ocorreu com todos os interessados. É algo que deve ser celebrado como uma questão de maturidade institucional. Todo mundo tem uma certa razão e por isso que se chega ao acordo", disse o ministro da Fazenda.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, antecipou que o próprio STF poderá indicar ao governo a medida compensatória.

O processo de homologação será concluído antes do dia 20 para que as empresas não tenham de recolher a contribuição previdenciária com a alta do imposto.

"É muito importante e o ministro Haddad passa essa mensagem aos 17 setores que para esse ano e, consequentemente para este mês de maio, nada muda. Dá segurança", disse Pacheco.

O modelo de desoneração da folha, suspenso por decisão do ministro Cristiano Zanin, do STF, permite o pagamento de alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários para a Previdência. As alíquotas variam a depender de cada um dos 17 setores beneficiados.

A desoneração da folha foi criada em 2011, na gestão Dilma Rousseff (PT), e prorrogada sucessivas vezes. Entre os 17 setores, está o de comunicação.

Também são contemplados os segmentos de calçados, call center, confecção e vestuário, construção civil, entre outros.

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