O Ibovespa encerra a semana acumulando perda de 0,72% no período, vindo de leve ganho de 0,42% na anterior. Hoje, contido pelo IPCA-15 acima do esperado para julho, não conseguiu acompanhar o tom positivo observado no exterior, ao fechar em baixa de 0,87%, aos 125.052,78 pontos, entre mínima de 124 421,52 e máxima de 126.203,87 pontos, saindo de abertura aos 126 139,78 pontos. Nesta sexta-feira, o índice da B3 parecia convergir para o nível de fechamento da primeira sessão da semana (19), em que marcou a mínima intradia deste intervalo, aos 123.317,27, para fechar a segunda-feira aos 124.394,57 pontos (-1,24%).
Nesta sexta (23), o giro financeiro se mostrou ainda mais enfraquecido do que nas últimas sessões, aos R$ 20,7 bilhões - foi o quarto pregão consecutivo em que o volume ficou abaixo dos R$ 30 bilhões. No mês, o índice da B3 cede 1,38%, tendo se mantido na faixa de 124 mil a 126 mil pontos nos fechamentos desta segunda quinzena, após ter chegado a 128,4 mil pontos no melhor momento de julho, aos 128,4 mil pontos no encerramento do último dia 14, saindo de 125,6 mil no primeiro fechamento do período.
A perda de vigor do índice coincide com a retirada de recursos estrangeiros da B3: no mês até o dia 21, os saques líquidos se aproximam de R$ 5 bilhões, com ingresso no ano a R$ 43 bilhões. No meio da tarde, o Ibovespa passou a renovar mínimas abaixo dos 125 mil pontos, enquanto o dólar à vista virava para o positivo, a R$ 5,23 na máxima do dia, apesar da reação em alta dos DIs ao IPCA-15 de julho. A recuperação mais nítida dos preços no setor de serviços reforça a perspectiva de Selic mais alta, firmando o ciclo de aperto na política monetária doméstica, o qual afeta diretamente o apetite por renda variável.
"Foi a maior variação já registrada pelo índice para um mês de julho desde 2004 (0,93%). O indicador ainda veio acima da expectativa do mercado, pressionado, em julho, pelo aumento das contas de energia elétrica, em meio à crise hídrica no Brasil", diz Thayná Vieira, economista da Toro Investimentos.
"Nos 12 meses, o indicador, considerado uma prévia do IPCA, acumula alta de 8,59% e revela que a inflação deve encerrar o ano bem acima do teto da meta", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, destacando a reação do Ibovespa, que mais uma vez testou a linha de 125 mil pontos - "principal suporte de curtíssimo prazo" - e pareceu até perto do fim da sessão a caminho de cedê-la, como na segunda-feira.
"Preocupado com os possíveis impactos na inflação para o ano que vem, o BC deve apertar o ritmo de alta da Selic. Essa percepção inclina ainda mais a curva de juros, com os investidores elevando as apostas de alta de 1 ponto porcentual para a Selic na reunião de 3 de agosto e migrando as projeções para encerrar o ano mais próximo de 7%", acrescenta o analista.
Assim, o Ibovespa voltou a operar descolado do exterior, onde "os índices acionários europeus tiveram hoje a quarta alta seguida enquanto, em Nova York, o Nasdaq buscava renovar máxima histórica - na semana que vem, a expectativa é pela decisão de política monetária do Federal Reserve", conforme observa Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. Não apenas o Nasdaq, mas também Dow Jones e S&P 500 renovaram recordes de fechamento nesta sexta-feira.
Em Nova York, os ganhos chegaram hoje a 1,04% (Nasdaq). Petrobras PN (-0,59%) e ON (-1,33%) mantiveram-se desconectadas da retomada nos preços do petróleo, com o Brent de volta nesta sexta-feira à casa de US$ 74 por barril. Braskem (-5,56%) segurou a ponta negativa do Ibovespa, à frente de Pão de Açúcar (-3,56%) e Magazine Luiza (-2,80%). No lado oposto, Hypera fechou em alta de 3,52%, Usiminas, de 1,41%, e Locamerica, de 1,06%. Vale ON encerrou o dia em baixa de 0,51%, enquanto as perdas no setor de bancos chegaram a 1,03% (Bradesco PN).
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