O Ibovespa, que chegou a cair 1% nesta quinta-feira (1º), fechou em alta de 0,9%, a 95.478 pontos, maior valor desde a última sexta (25). A recuperação do índice foi impulsionada pela alta das ações da Petrobras, após o STF (Supremo Tribunal Federal) permitir que a empresa venda suas refinarias sem aval do Legislativo.
A corte rejeitou uma ação em que o Congresso acusava o governo de desmembrar a empresa estatal matriz para vender subsidiárias, que não dependem de aval do parlamento para serem privatizadas. A decisão dá força ao plano de vendas da Petrobras, que pretende negociar oito refinarias, o que deve reduzir a dívida da empresa.
As ações preferenciais (mais negociadas) da estatal subiram 1,2%, a R$ 19,85, e as ordinárias (com direito a voto), 0,9%, a R$ 19,95.
"A sinalização recebida pelo mercado foi de que possíveis processos relacionados a privatização que possam ter o mesmo encaminhamento jurídico, com a aprovação de venda sem passar pelo Congresso", diz Igor Cavaca, analista da Warren Investimentos.
O dólar, porém, fechou em alta de 0,6%, a R$ 5,65, maior valor desde 20 de maio. O turismo está a R$ 5,80.
A desvalorização do real reflete a preocupação de investidores com o financiamento do Renda Cidadã, programa social que irá substituir o Bolsa Família.
Nesta quinta, o vice-presidente, Hamilton Mourão, admitiu que a criação do programa Renda Cidadã depende de corte de recursos em outras áreas ou alguma medida fora do teto de gastos, já que o governo não tem dinheiro extra.
Nesta semana, os ativos brasileiros vêm demonstrando mais fraqueza em relação a seus pares, depois da turbulência da segunda (28), após o governo propor que o Renda Cidadã fosse pago com recursos para precatórios e verbas do próprio Bolsa Família (que será extinto) e do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), fora do teto de gastos.
Com tamanha reação negativa do mercado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu na quarta o financiamento do novo programa com a junção de recursos de iniciativas que já existem ?segundo Guedes, ideia original da equipe econômica?, descartando a limitação ao pagamento de precatórios para tanto. Mas os comentários de Guedes pouco fizeram para amenizar de forma substancial as preocupações.
"As incertezas e dúvidas acerca do norte da política fiscal, adicionalmente à agenda econômica, é o que de fato tem estressado o mercado acionário e continua desgastando o ânimo dos investidores. A fala do Mourão apenas reiterou a fala de Guedes ontem, reduzindo marginalmente o desânimo dos investidores. Mas de forma geral, o mercado tem ouvido com mais simpatia o que o Mourão tem a dizer do que o próprio Guedes", diz Simone Passianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.
"O desastre do Renda Cidadã coincidiu com a apreciação global do dólar contra moedas emergentes. O real depreciou mais. Nos últimos dois dias o movimento global tomou outra direção, o governo corrigiu a besteirada, mas o real continuou parado. Entramos em uma crise de confiança", afirma Luiz Fernando Alves, sócio do Fundo Versa.
Enquanto isso, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que se o teto de gastos for violado a autoridade monetária retirará imediatamente o compromisso de não subir juro.
Analistas da XP Investimentos reiteraram sua visão de que a Selic permanecerá em 2% até o segundo semestre de 2021, e subirá gradualmente até 3% no final do ano. No entanto, esse cenário pode ser alterado, "caso a perspectiva de sustentabilidade das contas públicas se deteriore significativamente".
No exterior, o viés foi positivo com a expectativa por estímulos econômicos nos Estados Unidos. O S&P 500 subiu 0,5%, Dow Jones, 0,1%, e Nasdaq, 1,4%.
Na Bolsa brasileira, o destaque positivo foi do IRB, que saltou 8%, maior alto Ibovespa, acumulando ganho de cerca de 12% na semana. Apesar disso, a resseguradora ainda tem o pior desempenho do Ibovespa no ano, com queda de 77%.
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