A produção industrial recuou em 13 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em abril, mês em que o setor teve o pior desempenho da história, com queda de 18,8%. Em São Paulo, a queda foi de 23,2%, também a maior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2002.
No mês, apenas Goiás e o Pará se salvaram do tombo, recuperando-se de um março ruim. O primeiro teve crescimento de 2,3% em abril, depois de recuo de 2,5% em março, puxado pela produção de alimentos e de produtos farmacêuticos. No segundo, a produção de minério levou a uma alta de 4,9%.
Com lojas fechadas desde o final de março, a indústria não vem recebendo encomendas e, por isso, reduziu a produção em diversos setores. Só vêm se salvando os setores relacionados a farmácias, alimentos e produtos de limpeza.
Durante o mês, houve recordes negativos em oito locais pesquisados pelo IBGE. Com 34% da indústria brasileira, São Paulo teve a maior contribuição para o resultado nacional. O recuo na produção do estado foi pressionado pelo setor de veículos automotores, com impacto também de máquinas e equipamentos.
Em três meses consecutivos de queda, a indústria paulista acumula recuo de 27,9%. Apesar de desempenho positivo em setores como alimentos, remédios e produtos de limpeza, a produção no estado fechou abril em um nível 43,2% abaixo de seu melhor momento na história, em março de 2011.
Também com indústria automotiva forte, Paraná e Rio foram o segundo e o terceiro estados com maior contribuição no resultado negativo de abril, com quedas de 28,7% e 13,9%, respectivamente. No caso do Rio, contribuiu também a menor produção de combustíveis, movimento já revertido em maio.
O maior recuo individual foi verificado no Amazonas, onde a produção industrial caiu 46,5%, puxada pelas menores encomendas de motocicletas, eletroeletrônicos e equipamentos de informática. Em três meses consecutivos de queda, a indústria no estado diminuiu 53,2%.
No primeiro mês da pandemia, a indústria já havia recuado 9,1%, no pior resultado desde a greve dos caminhoneiros de maio 2018, que paralisou o país por duas semanas. Em junho daquele ano, porém, a indústria recuperou a produção paralisada, o que não se vê no cenário atual.
Apesar de medidas anunciadas pelo governo para tentar evitar demissões, o cenário já se reflete no emprego do setor. Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a indústria brasileira fechou 128 mil vagas formais em abril.
A retomada do comércio em alguns estados já vem melhorando o humor dos mercados financeiros, mas ainda não representou aumento de encomendas para a indústria, já que as lojas ainda têm estoques e as vendas estão abaixo do normal.
A indústria aguarda a reabertura em São Paulo e no Rio, os dois principais estados consumidores. No primeiro, o interior já começa a reabrir, mas ainda não há previsão de reabertura na capital. No Rio, a capital também permanece com a maior parte do comércio fechada.
O resultado da indústria em abril, primeiro mês com quatro semanas de isolamento em grande parte do país, reforça as expectativas de que o tombo do PIB no segundo trimestre será bem superior aos 1,5% verificados no primeiro trimestre.
Nesta segunda, o Banco Mundial divulgou revisão de suas estimativas de crescimento da economia global, levando o Brasil de um crescimento de 2% para um recuo de 8%, superior à média mundial, que deve ser de 5,2%.
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