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Indústria do ES sofre com desaquecimento da economia internacional

Indústria do ES sofre com desaquecimento da economia internacional

Redução do apetite do mercado externo tem atrapalhado vendas de plantas industriais capixabas, principalmente no setor de celulose, obrigando empresas a reduzirem ritmo de produção

Publicado em 11 de setembro de 2019 às 13:52

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Celulose produzida no ES sendo carregada em navio em Portocel, Aracruz. (Marcelo Prest/Arquivo)

A redução no apetite internacional por determinadas commodities tem afetado a produção da indústria do Espírito Santo, segundo analistas, obrigando as empresas locais a reduzirem ritmo de produção. Apesar de em julho a atividade ter crescido 1,7% em relação ao mês anterior, os indicadores do ano revelam as dificuldades do setor industrial avança. 

Desde o começo de 2019, a atividade indústria no Espírito Santo registra uma retração de 12,2% na sua atividade, em relação ao mesmo período do ano anterior. O índice continua negativo, principalmente, por conta do mau desempenho dos setores extrativista (mineração e petróleo) e de celulose e papel.

De acordo com especialistas, a produção industrial capixaba vem sendo impactada principalmente pelo mercado externo, já que o Estado produz basicamente commodities. Essa combinação faz o resultado acumulado do ano continuar bem abaixo dos demais Estados do país, como Minas Gerais (-4,7%), que sofreu um forte baque na economia após o rompimento da barragem de Brumadinho em janeiro. Os dados são da pesquisa mensal do IBGE divulgados nesta terça-feira (10).

No acumulado de janeiro a julho deste ano, a indústria capixaba de celulose, papel e produtos de papel apresenta uma queda de 31% na produção, a maior retração entre os setores, seguida pela extrativa (-18,2%), indústria geral (-12%) e de produtos alimentícios (-4%).

De acordo com o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Luiz Paulo Vellozo Lucas, neste ano, os índices da indústria continuam caindo, mas a uma taxa bem menor. “Tivemos um comportamento positivo em relação ao mês passado, mas negativo em relação ao ano anterior. A explicação para isso é a mesma desde o início do ano: os setores da celulose e da extração”, comenta.

A redução da demanda mundial por celulose e a falta de eucalipto no Estado estão contribuindo para desacelerar a produção, como aponta o economista Orlando Caliman.

“Temos uma economia mundial em desaquecimento, o que causa uma queda na demanda de celulose. Além disso, temos a Suzano enfrentando problemas para produzir madeira para atender sua capacidade de produção local", pontuou.

No primeiro trimestre deste ano, a Suzano realizou uma parada simultânea para manutenção nas linhas A, B e C da fábrica de Aracruz. Já em maio, o presidente da Suzano, Walter Schalka, anunciou a redução da produção e do estoque de celulose da empresa para “maximizar os ativos biológicos a longo prazo”, no país, motivada pela guerra comercial entre Estados Unidos e China.

De acordo com a apresentação de resultados da empresa aos investidores, no segundo trimestre deste ano, a companhia vendeu 2,2 milhões toneladas de papel (R$ 2,2 milhões). O volume foi 14% inferior ao mesmo período de 2018 (2,5 milhões de toneladas). Além disso, o preço médio líquido reduziu, passou de US$ 711 por tonelada no primeiro trimestre deste ano para US$ 630 no segundo trimestre.

EXPORTAÇÃO

O economista Wallace Millis ressalta a relação direta que o Espírito Santo tem com o mercado internacional. “O preço das commodities lá afeta diretamente a produção industrial capixaba, já que o Espírito Santo é o Estado brasileiro que tem maior abertura ao comércio exterior ”, aponta.

De acordo com dados do Ministério da Economia, a exportação de celulose de janeiro a agosto deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado, caiu 32,1% no Estado. Redução de US$ 197 milhões em valores reais.

Já a indústria extrativa mineral, que também vem apresentando resultados negativos ao longo do ano, também sofreu com a redução de consumo mundial. As exportações de minério de ferro e seus concentrados reduziu em 14,5% no acumulado de janeiro a agosto deste ano na comparação com o mesmo período de 2018. A arrecadação com esse produto caiu em US$ 241,24 milhões.

“Os recursos minerais oscilam muito porque a economia internacional ainda está muito indefinida. Temos uma desaceleração em curso na Europa e na América Latina temos uma incógnita. Já nos Estados Unidos, temos que prestar atenção aos efeitos causados pelo presidente e suas medidas protecionistas. Só teremos crescimento mesmo na Ásia. Se cair a demanda lá, a produção cai aqui”, afirma a economista Arilda Teixeira.

EM BAIXA

Na comparação entre julho deste ano com julho do ano passado, o Espírito Santo teve a produção industrial reduzida em 14,2%. O Estado não tem um percentual positivo nessa base de comparação desde dezembro de 2018 quando cresceu 3,1%.

Já no Brasil, comparando julho de 2019 ao mesmo mês de 2018, a produção caiu 2,5%, sendo que o último resultado positivo ocorreu em maio deste ano (7,5%).

Na comparação do acumulado dos últimos doze meses com o mesmo período anterior, o Estado teve o pior desempenho do Brasil. Enquanto o Rio Grande do Sul, melhor colocado, cresceu 8,4%, o Espírito Santo caiu 5,9% nesse período. Já a média nacional foi de -1,3%.

MELHORA LENTA

Apesar do recuo de 0,3% da indústria nacional no mês de julho, o Espírito Santo foi uma das sete localidades, entre as 15 pesquisadas, com crescimento da produção industrial na passagem de junho para julho (+1,7%).

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“Para o Estado, foi o segundo mês consecutivo de alta na comparação mensal. Este resultado positivo foi impulsionado pelo aumento da produção na indústria de transformação (+0,4%), puxado pelo maior dinamismo das atividades industriais de metalurgia, que cresceram 21,2%, e de produtos alimentícios, com crescimento de 0,7%”, explica a analista sênior do Observatório da Indústria do Ideies Suiani Meira.

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