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Investir em ações é menos arriscado do que ficar fora da bolsa

Investir em ações é menos arriscado do que ficar fora da bolsa

Para especialistas, tendência de recuperação da economia no longo prazo faz com que o retorno dos investimentos na bolsa de valores ultrapassem os rendimentos em renda fixa

Publicado em 2 de setembro de 2019 às 18:02

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Investidores negociam na Bolsa de Valores. (Arquivo)

O mês de agosto não foi muito bom para quem investe na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. Se ela marcava cerca de 104 mil pontos no dia 5, em 15 dias caiu para 97 mil. Na última semana do mês ela se recuperou um pouco, fechando com 101 mil pontos, mas ainda abaixo do que havia iniciado o mês. Mas será que é vantajoso investir na bolsa mesmo com ela em queda? 

Pode parecer estranho, mas a resposta é que sim, vale a pena. Para especialistas, o risco maior para o investidor, neste momento, é ficar fora desse mercado, que, no longo prazo, está ganhando de outros tipos de investimentos. 

Ao se analisar, por exemplo, investimentos desde janeiro de 2014 até o fim de agosto, é possível ver que, entre perdas e ganhos, o índice da Bolsa de São Paulo, o Ibovespa, subiu mais que o  Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que a poupança e até mais que o dólar, conforme mostra o gráfico abaixo. 

Desde 2014, Ibovespa rendeu mais que outros investimentos. (www.xpi.com.br)

No período analisado, o Ibovespa deu um retorno de 90%. Na sequência aparece o Dólar, com 76%, CDI, com 74% e a poupança, com 36% de rendimento entre janeiro de 2014 e agosto de 2019.

Investimentos na poupança ou CDI, por exemplo, são considerados renda fixa - seu retorno é baseado na taxa básica de juros, a Selic, que hoje está em 6% e pode cair ainda mais. Já os investimentos feitos na Bolsa são considerados variáveis, já que não há certeza de quanto cada ação vá render. Por apresentarem essa possibilidade de alteração, os investimentos em renda variável tendem a dar mais lucro do que os de renda fixa.

"A economia tem períodos bons e ruins e isso se reflete no preço das ações. Acontece que, num longo prazo, a tendência é que sejam registrados mais momentos bons do que ruins. Com isso, mesmo o investimento feito num período que ela está em queda tende a ser rentável", explicou o planejador financeiro e sócio da Alphamar Investimentos, Renan Lima.

"A bolsa é arriscada para quem quer ganhar dinheiro em pouco tempo. Os chamados 'traders'. Mas para quem investe no longo prazo o gráfico tende a ser positivo na maioria das vezes", completou o responsável pela mesa de renda variável da Valor Investimentos, Charo Alves.

> Entenda como a queda na taxa de juros pode afetar os investimentos

COMO ENTRAR?

Há diferentes opções de investimento - cada um variando de acordo com o perfil do investidor, do risco que ele quer correr, do grau de conhecimento e de quanto pode ser investido.

Investimentos de renda variável. (Pixabay)

"É possível entrar no mercado se você tiver uma renda de R$ 100, por exemplo. Existe o mercado fracionário, que é mais barato e é bom para quem quer conhecer e ver como  funciona. Existem também os lotes de ações, para quem já está um pouco mais preparado, e os fundos de ações, para quem quer investir, mas não tem como acompanhar o dia a dia da bolsa", explicou Charo Alves.

O que todos precisam fazer é abrir uma conta, que muitas vezes é gratuita, numa corretora de investimentos - dependendo do banco que a pessoa utiliza também existe a possibilidade de aplicar os valores na bolsa por meio do banco tradicional.

"Existem diversas corretoras em que você faz o cadastro como se fosse um banco digital. Com acesso à internet cria-se a conta e pode fazer uma Transferência Eletrônica Disponível (TED) para começar comprar e vender ações", disse Charo Alves.

MAS É CARO APLICAR NA BOLSA?

Além do valor das ações, ou fundo de ações, o investidor deverá pagar por uma taxa de corretagem, que varia de zero a R$ 18,90. Há também outras cobranças como emolumentos e taxas de liquidação que são calculados com base no valor aplicado, mas que correspondem a um baixo percentual em relação ao que é investido - geralmente em torno de 1%. Esses valores são pagos por operação.

"É claro que os valores também variam de acordo com o perfil do investidor. Se é uma pessoa que não tem muitos investimentos e que não precisa de muita assessoria o valor é mais baixo. Na medida que os valores aplicados vão subindo, a tendência é que as cobranças também aumentem, tendo em vista que essa pessoa precisa de uma assessoria mais direta", ponderou Renan Lima. Essa assessoria ao investidor seria um custo mensal.

QUAIS OS RISCOS?

De acordo com os especialistas, o principal risco é para quem deposita grandes quantias em um pequeno número de ações. "Os trades, ou especuladores, estão dispostos a correr riscos. Eles podem tanto perder muito, quanto ganhar muito. Mas esse não é o foco da bolsa. O foco é, realmente, aquele investimento no longo prazo", disse Charo Alves.

Bolsa de Valores. (AP Photo/Katsumi Kasahara)

Outro risco é investir numa empresa que não tem uma saúde financeira muito boa, que pode desvalorizar com o passar dos anos. "Quando o investimento é na bolsa, você investe em empresas estabelecidas e que são analisadas diariamente. É preciso pesquisar sobre a gestão da empresa e, para não ter perdas consideráveis, é interessante diversificar os ativos. É não colocar os ovos na mesma cesta", acrescentou Renan Lima.

Um outro risco é a disponibilização de valores que não podem ficar alocados por muito tempo. "Qualquer valor é válido para se investir, mas não faz sentido você colocar um dinheiro que deve ser utilizado para emergência na bolsa. Se fizer isso, existe o risco do dinheiro precisar ser retirado antes que ele valorize, o que não é interessante", concluiu o planejador financeiro.

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