O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto da agropecuária em 2020 para 1,5%, ante a projeção anterior, informada em outubro, de avanço de 1,9%. As estimativas revistas, do Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac), estão na Nota de Conjuntura 21 da Carta de Conjuntura do quarto trimestre, divulgada nesta terça-feira (24), no site do Ipea. Para 2021, a estimativa de crescimento do PIB agropecuário passou para 1,2%, ante os 2,1% estimados em outubro.
Na projeção para o PIB deste ano, a revisão para baixo foi motivada por pioras, na passagem de outubro para novembro, na atividade agrícola e na pecuária. Na atividade agrícola, houve uma revisão da estimativa para a produção de trigo. Na pecuária, houve um "recuo mais forte da produção de carne bovina no terceiro trimestre em relação ao que havíamos projetado", diz o texto dos pesquisadores do Ipea.
Mesmo com as revisões para baixo, a lavoura nacional ainda apresentará um crescimento de 3,8% em seu valor adicionado no PIB em 2020. "O bom desempenho da lavoura para este ano é explicado por estimativas de crescimento dos seus principais produtos - soja, cana-de-açúcar, milho e café", diz o relatório do Ipea.
O PIB da agropecuária só não terá um desempenho melhor este ano por causa da pecuária. O Ipea estima uma queda de 2,0% no valor adicionado da pecuária este ano. Nas estimativas de outubro, a projeção apontava para uma recuo menor, de 1,5%. A produção de carne bovina é a principal responsável por esse mau desempenho.
"Em função do elevado volume de exportações para a China em 2019 e 2020, houve uma forte alta do abate de animais mais jovens - novilhos e, principalmente, novilhas. Para recompor o rebanho, o pecuarista reduziu o abate de matrizes e futuras matrizes (novilhas). Esse movimento, aliado a uma menor demanda interna por carne de cortes mais nobres por conta da pandemia do novo coronavírus, tem contribuído para a menor produção de carne bovina em 2020", diz um trecho da Nota de Conjuntura 21.
Para 2021, os prognósticos, tanto do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) quanto da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), são de mais uma safra recorde de grãos, lembram os pesquisadores do Ipea. Só que o bom desempenho na produção de grãos deverá ficar mais restrito às principais culturas, como soja e milho, moderando a alta do PIB agropecuário, mesmo que a pecuária tenha bom desempenho.
Com a produção recorde concentrada em poucas culturas, o Ipea projeta avanço de apenas 0,4% no valor adicionado da lavoura em 2021. "As estimativas do LSPA (pesquisa do IBGE) apresentam quedas para a produção de arroz e algodão em 2021 em relação a 2020 - 2,4% e 11,9%, respectivamente. Além disso, nossa nova projeção incorpora estimativas que apontam quedas elevadas para café e laranja. O café, devido ao ano negativo de sua bienalidade, tem projeção de queda em 2021 de 10,7%. No caso da laranja, nossa projeção é de queda de 21,1%, explicada principalmente por uma expectativa de redução forte na produção do cinturão citrícola de São Paulo e do Triângulo Mineiro", diz a nota técnica do Ipea.
Já na pecuária, o Ipea projeta um crescimento de 4,4% no valor adicionado de 2021. Todos os tipos de carne deverão ter alta na produção. "Esse crescimento, liderado pela produção de carne bovina, deve reverter a queda observada em 2020", escrevem os pesquisadores do Ipea.
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