Acompanhando a tendência de inclusão da educação financeira na grade escolar nacional, estabelecida pelo governo a partir deste ano, na Base Nacional Comum Curricular, o Bank of America Merrill Lynch (BofA) e o Instituto Brasil Solidário (IBS) criaram dois jogos de tabuleiro com o propósito de ensinar crianças de escolas públicas a economizar, poupar e investir dinheiro.
Iniciado no ano passado com 20 mil alunos distribuídos por 91 escolas do Ceará, o projeto chegou na última semana a 10 mil alunos de 19 escolas públicas de Santo Amaro, em São Paulo.
Com a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Educação Financeira passa a ser obrigatória no ensino e deverá ser abordada principalmente nas disciplinas Matemática e Ciências da Natureza.
O conteúdo deverá ser abordado com crianças do ensino fundamental já a partir do próximo ano letivo, segundo documento elaborado pelo Banco Central.
Para desenvolver o ensino em escolas brasileiras, o BofA contatou o IBS para iniciar o projeto em três municípios do Ceará, local sede do instituto. Os jogos Piquenique e Bons Negócios são voltados, respectivamente, para crianças de seis a dez anos e de 11 a 14, explica o responsável pela área social e de governança do BofA na América Latina, Thiago Fernandes.
No jogo para os menores, as crianças escolhem produtos como se estivessem no supermercado e o objetivo é fazer a maior economia possível para sobrar mais dinheiro. Os produtos mais caros são os mais tentadores, para mostrar que nem sempre o que você deseja é o mais racional, afirma Fernandes. Já no jogo Bons Negócios, os adolescentes vivenciam uma situação que simula o mercado financeiro e experimentam como é investir.
Após os jogos entrarem na rotina dos alunos cearenses no ano passado, os resultados já aparecem nas contas de casa. O presidente do IBS, Luis Salvatore, afirma que um dos alunos participantes do projeto conseguiu diminuir em 80% a conta de luz da casa da avó graças à consciência financeira obtida com os jogos.
Ele aprendeu a desligar aparelhos eletroeletrônicos para economizar e com o que sobra eventualmente comprar outros aparelhos mais eficientes e melhores. A conta passou de R$ 200 para R$ 35 ao mês, diz.
Exemplos práticos. Na capital paulista, o colégio particular Franciscano Pio XII tem aulas de educação financeira na grade curricular do Ensino Fundamental há dois anos. O conteúdo faz parte de uma grade multidisciplinar e busca ensinar aspectos de educação financeira com exemplos do dia a dia.
No sexto ano, para se ter ideia de preços e de onde vem o dinheiro, aproveitei as figurinhas do álbum da Copa e montei um leilão em sala de aula para os alunos saberem quanto vale o produto a partir da procura por ele, explica a professora que coordena a disciplina, Patrícia Prado.
Para a diretora da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), Lavínia Martins, geralmente as pessoas costumam ter medo de discutir educação financeira por associarem somente ao conteúdo de matemática. É muito comportamental. Está relacionado às decisões que tomamos. É necessário criar ferramentas que ajudem a construir comportamento positivo, diz.
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