Entre o início de maio e a primeira semana de julho, o país perdeu 2,1 milhões de ocupações, segundo a Pnad Covid, pesquisa desenvolvida pelo IBGE para mensurar os efeitos da pandemia do coronavírus sobre o mercado de trabalho e a saúde dos brasileiros.
Com isso, o percentual de pessoas ocupadas entre a população com idade de trabalhar chegou ao menor nível da série histórica, em 48,1% na semana de 28 de junho a 4 de julho, contra 48,5% na semana anterior e 49,4% no início de maio.
Na primeira semana de julho, a população ocupada somava 81,8 milhões, contra 83,9 milhões de 3 a 9 de maio, início da série histórica da pesquisa. Na última semana de junho, os ocupados eram 82,5 milhões.
Os ocupados afastados do trabalho devido ao distanciamento social somavam 8,3 milhões na primeira semana de julho, metade do número de afastados do início de maio (16,6 milhões) e 2 milhões a menos do que na última semana de junho (10,3 milhões).
Segundo Maria Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa no IBGE, entre o fim de junho e o começo de julho, uma parte dos ocupados retornou ao trabalho e outra parcela foi para fora da força, ou seja, não voltou a trabalhar, nem procurou trabalho.
O número de desocupados cresceu em 1,7 milhão desde o começo de maio, passando de 9,8 milhões então para 11,5 milhões na primeira semana de julho. Com isso, a taxa de desocupação subiu de 10,5% para 12,3% neste intervalo.
Da última semana de junho para o início de julho, no entanto, houve queda do número de desocupados, de 12,4 milhões para 11,5 milhões.
"Essa queda no número de pessoas desocupadas está mais associada à saída dessas pessoas da força de trabalho do que pela entrada na população ocupada. São pessoas que, naquela semana, não procuraram trabalho por algum motivo", afirma Maria Lucia.
A população fora da força de trabalho somava 76,8 milhões na primeira semana de julho, um crescimento em relação aos 75,1 milhões registrados na semana anterior, e estatisticamente estável na comparação com o início de maio (76,2 milhões).
Da população fora da força de trabalho, 19,4 milhões gostariam de trabalhar, mas não o fizeram por causa da pandemia ou por não encontrarem uma ocupação na localidade em que moravam. Esse contingente aumentou em relação à semana anterior (17,8 milhões), mas permaneceu estável em comparação com a semana de 3 a 9 de maio (19,1 milhões).
Os ocupados trabalhando remotamente somaram 8,9 milhões na primeira semana de julho, estatisticamente estáveis em relação a semana anterior e ao começo de maio, ambos registrando 8,6 milhões de pessoas em trabalho remoto.
A taxa de informalidade foi estimada em 34,2%, comparada a 34,5% na última semana de junho e 35,7% no início de maio. A queda da taxa não é considerada, porém, algo positivo, pois revela a dificuldade do mercado informal de servir como um "colchão" para o mercado de trabalho na crise atual, diferentemente do observado em recessões anteriores.
O número de pessoas que apresentavam pelo menos um dos 12 sintomas associados à síndrome gripal (febre, tosse, dor de garganta, dificuldade para respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de olfato ou paladar e dor muscular) somava 14,3 milhões na primeira semana de julho, queda em relação à semana anterior (15,4 milhões) e ao início de maio (26,8 milhões).
Entre as pessoas com sintomas, 3,1 milhões procuraram atendimento em algum estabelecimento de saúde, mantendo estabilidade em relação à semana anterior.
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