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Lula diz que Vale é como 'cachorro com muito dono': 'Ou morre de fome, ou morre de sede'

Lula diz que Vale é como 'cachorro com muito dono': 'Ou morre de fome, ou morre de sede'

Fala do presidente ocorre após a empresa ter anunciado, nesta segunda-feira (26), a escolha de Gustavo Pimenta como próximo presidente, a assumir o posto em 1º de janeiro

Publicado em 27 de agosto de 2024 às 15:05

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a fazer críticas à mineradora Vale e disse que, atualmente, a empresa não tem dono. Na avaliação do Lula, a companhia se compara a um "cachorro com muito dono: ou morre de fome ou morre de sede". A fala do presidente, contudo, ocorre após a empresa ter anunciado a escolha de Gustavo Pimenta como próximo presidente, a assumir o posto em 1º de janeiro.

"A Vale, que tinha uma diretoria, eu sabia quem era o presidente, a gente sabia quem era. Hoje, nessa discussão que a gente está, de fazer um acordo para receber o dinheiro de Mariana, o dinheiro que prometeram para o povo, você não tem dono. Uma tal de corporate que não tem dono, é um monte de gente com 2%, monte de gente com 3%", disse, em visita ao Centro de Operações Espaciais Principal (COPE-P) da Telebras nesta terça-feira, 27.

"É que nem cachorro de muito dono, morre de fome ou morre de sede, porque todo mundo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou", acrescentou o presidente da República. "É importante que essas empresas tenham nome, cara, identidade, porque assim o povo tem a quem cobrar".

As declarações de Lula ocorrem após a companhia ter anunciado na noite de segunda-feira, 26, em fato relevante, a escolha de Gustavo Pimenta como próximo presidente.

O executivo foi eleito pelo Conselho de Administração, de forma unânime, "ao fim de rigoroso processo de seleção suportado por empresa de padrão internacional, em conformidade com o Estatuto Social da Vale, políticas corporativas, regulamento interno do colegiado e legislações aplicáveis".

O anúncio do nome de Gustavo Pimenta é o fim de uma disputa que produziu, além de uma lista oficial de candidatos, uma corrida paralela em que se enfrentaram nomes ligados ao governo Lula, de alas representadas pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia). A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, também avaliou o currículo de um potencial candidato.

O discurso do presidente da manhã desta terça foi marcado por fortes críticas ao modelo de privatização de empresas estatais. Ele citou que, por muitas vezes, tentaram privatizar a Petrobras "ao invés de tratar a Petrobras como empresa de orgulho do País, como uma das coisas mais extraordinárias", comentou. "Quando há dificuldade de privatizá-la, eles começam a vender ativos separados e vão tentando desmontar o corpo: eu vendo um braço, eu vendo uma perna, vendo uma orelha, vendo os dentes. Ou seja, quando você volta, você percebe que a empresa está totalmente desmontada e não cumprindo mais aquele seu papel", emendou.

Para Lula, o que falta no Brasil são as autoridades e o governo terem "o mínimo de brio" para preservar o patrimônio nacional. "Ter o mínimo orgulho de ser brasileiro e pensar um pouco nesse país, pensar um pouco naquilo que o Estado pode oferecer para o bem-estar da sociedade, para a soberania da sociedade", disse.

Na fala, o chefe do Executivo citou a privatização da Sabesp, que ocorreu em julho deste ano. A privatização da empresa, a maior oferta de ações da história do setor de saneamento, movimentou R$ 14,8 bilhões. Lula comentou que "nunca apareceu empresário para fazer saneamento básico nas palafitas de Salvador". "Eles empresários só querem fazer onde já tem uma estrutura feita pelo governo e está dando lucro", disse.

Na esteira, o presidente então defendeu que a Telebras seja uma "empresa brasileira a serviço do povo e da nossa soberania". Segundo ele, há um interesse "muito significativo" em recuperar a companhia. Em sua avaliação, a empresa não pode continuar sendo o que é e é preciso explorar seu potencial.

COPE-P

O COPE-P é um conjunto de edificações para operar e monitorar o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). Trata-se de um satélite 100% brasileiro que cobre todo o território nacional. De acordo com o Palácio do Planalto, além do uso estratégico militar em Banda X, também opera em Banda Ka, o que viabiliza internet banda larga para milhares de brasileiros nos programas de inclusão digital e acessibilidade do governo.

Na manhã desta terça, participaram da visita junto ao presidente os ministros Juscelino Filho (Comunicações), Marcos Antonio Amaro (GSI), Esther Dweck (Gestão), Rui Costa (Casa Civil), Luiz Marinho (Trabalho) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia).

Na agenda, foi assinado um contrato entre Telebras e o Ministério do Trabalho e Emprego para o fornecimento de serviços de telecomunicações de longa distância. Segundo o governo federal, a iniciativa vai permitir a conectividade segura entre as 409 agências do ministério, com monitoramento contra ataques cibernéticos 24 horas por dia.

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