O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), apoiou nesta quarta-feira (26) a decisão de Jair Bolsonaro (sem partido) de recusar a proposta da equipe econômica para o Renda Brasil e acusou o time do ministro Paulo Guedes de vazar a proposta antes de consultar o presidente.
Maia, que teve um café da manhã com Bolsonaro nesta quarta, fez as declarações antes do início da sessão em que será votada a criação do TRF-6 (Tribunal Regional Federal da 6ª Região), com sede em Belo Horizonte.
No encontro, segundo o deputado, ambos trataram da dificuldade de prorrogar o auxílio emergencial no valor atual, de R$ 600.
Maia disse não ter falado com Bolsonaro sobre o Renda Brasil, mas respaldou a decisão do presidente de recusar a proposta de Guedes para o programa --na avaliação de Bolsonaro, significaria "tirar de pobres para dar para paupérrimos".
Para o deputado, "a equipe econômica vazou antes da reunião com o presidente qual era a sua ideia" e "de forma pública também o presidente anunciou que, por enquanto, a matéria está suspensa".
O episódio, disse Maia, passou a impressão de que a equipe de Guedes já tinha resolvido a questão com Bolsonaro. "O que eu acho que tem problema é se ficar discutindo e avançando ideias que ainda não estão consolidadas e autorizadas pelo presidente da República."
Ele lembrou que o Bolsa Família, programa social que o Renda Brasil quer substituir, custa cerca de R$ 25 bilhões ao ano. "Vai ter que se encontrar um programa que atinja mais famílias e que se amplie o valor de R$ 180 na média para R$ 250 ou R$ 300, que é isso que o governo está dizendo que vai encaminhar para cá", disse.
Maia avaliou que alguns programas, como abono salarial e seguro-defeso, não são fáceis de acabar e defendeu que se busque caminhos.
"Eu concordo com os técnicos e com o Ricardo Paes de Barros [um dos idealizadores do Bolsa Família] de que o abono salarial está mal alocado, está beneficiando quem não precisa", disse Maia, que criticou ainda subsídios tributários que geram distorções e não beneficiam os mais pobres.
Outros programas, como o seguro-defeso, pago a pescadores durante período em que a pesca é proibida, teriam mais resistência no Congresso. "Mas faz sentido se os beneficiários venham para dentro do programa".
Para o Renda Brasil, Guedes apresentou propostas de parcelas entre R$ 240 e R$ 270, a depender do desenho da assistência e da extinção de outros programas. Bolsonaro pressiona para que o valor chegue a pelo menos R$ 300.
O ministro avisou a Bolsonaro que o novo programa social do governo só terá benefício médio superior a R$ 300 se as deduções do IR (Imposto de Renda) da pessoa física forem extintas.
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