O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou nesta terça-feira (29) o ministro Paulo Guedes (Economia) por supostamente ter interditado o debate sobre a reforma tributária.
Maia fez a declaração em uma rede social um dia após o governo desistir de enviar a segunda fase da reforma tributária, que incluiria um imposto sobre transações digitais semelhante à CPMF, por falta de consenso com líderes partidários.
"Por que Paulo Guedes interditou o debate da reforma tributária?", escreveu Maia em sua conta no Twitter.
Na segunda-feira (28), o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que o Planalto só deve apresentar o texto caso haja 340 votos favoráveis. "Não houve ainda um acordo com os senhores líderes sobre um texto possível e continuaremos trabalhado para que ela [reforma] possa avançar", disse.
Essa não é a primeira desavença pública entre Maia e Guedes. Na entrega da reforma administrativa, no início de setembro, o presidente da Câmara deixou evidente, em entrevista à GloboNews, que ambos não estavam conversando.
"Ele tem proibido a equipe econômica de conversar comigo. Ontem [quarta], a gente tinha um almoço com o Esteves [Colnago] e com o secretário do Tesouro para tratar do Plano Mansueto, e os secretários foram proibidos de ir à reunião", disse Maia, que afirmou ter decidido que a relação da Presidência da Câmara será com o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
Maia disse ainda ter encerrado a interlocução com Guedes.
Ambos já tinham entrado em atrito durante a tramitação da reforma da Previdência. Após o desgaste, Maia passou a falar apenas por meio de interlocutores.
O ministro se irritou com a estratégia adotada pelo deputado e passou a cobrar de sua equipe que, caso fossem procurados pelo presidente da Câmara, encaminhassem a demanda para Guedes.
A divergência se aprofundou durante os debates sobre a reforma tributária. Maia estaria estimulando o repasse de recursos a estados e municípios, a título de compensação pelas mudanças, em detrimento da União (ponto que desagrada Guedes).
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