A maldição de maio não se repetiu em 2020. Após anos de fortes quedas na Bolsa e altas no dólar, o mês foi positivo para o mercado financeiro brasileiro mesmo em meio à pandemia de Covid-19.
Após encostar nos R$ 6 no início deste mês, o dólar teve primeiro maio de queda desde 2009, com recuo de 1,8% no período, a R$ 5,336.
Este também foi o primeiro mês de queda da moeda em 2020. No ano, o dólar acumula alta de 33%, com o real sendo a moeda que mais se desvaloriza no mundo em 2020.
Em 2009, a moeda americana recuou 9% no mesmo mês, após fortes altas ao fim de 2008, na sequência da quebra do Lehman Brothers.
Desta vez, investidores realizaram ganhos após a forte alta da divisa na primeira metade do mês. Até 13 de maio, ela acumulou alta de 8,5% em relação a abril e foi ao recorde nominal (sem contar a inflação) de R$ 5,90 com a turbulência na política doméstica em meio à pandemia de coronavírus e novos conflitos entre China e Estados Unidos.
Desde a máxima, a moeda recua 9,60% com a aproximação de Legislativo e Executivo e o fim das dúvidas do mercado financeiro sobre a permanência do ministro Paulo Guedes (Economia) no governo de Jair Bolsonaro.
No início do mês, os ecos da saída de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde e de Sergio Moro do Ministério da Justiça levaram investidores a temer a saída de Guedes. A ideia foi abandonada de vez após o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril ser divulgado. Nele, o presidente reafirma a autonomia de Guedes.
Já o Ibovespa encerra o segundo mês positivo do ano, com alta de 8,6%, a 87 mil pontos. Em abril, o índice subiu 10,25% após a queda de 29,9% em março, mês marcado por seis circuit breakers (paralisação das negociações após quedas de mais de 10% do Ibovespa) da Bolsa. No ano, porém, há perda de 24,4%.
Em maio, investidores deram sequência às compras, antecipando uma recuperação na atividade econômica à medida que países saem da quarentena, com grandes pacotes de estímulo dos governos e dos Bancos Centrais dos EUA e da Europa.
"O mercado sempre vai tentar prever o que vai acontecer. Nos circuit breakers de março, ele antecipou uma recessão profunda. Agora, a flexibilização do distanciamento social tem um impacto na economia e o mercado viu isso como um excelente sinal", diz Daniel Jannuzzi, especialista em finanças da Magnetis.
Europa e Estados Unidos retomaram parte das atividades no mês, enquanto o estado de São Paulo inicia um reabertura em junho, com a liberação de shoppings na capital.
Também contribuiu para o viés positivo do mercado de ações no mês a queda maior que o esperado de Selic que foi de 3,75% ao ano para 3% ao ano, o que leva mais investidores à Bolsa e reduz a dívida das empresas no longo prazo.
Outro fator que impulsionou a bolsa foi a alta das matérias-primas. Os preços do petróleo e do minério se recuperaram e encerraram o mês com ganhos expressivos.
A volta dos conflitos entre China e Estados Unidos, porém, limitaram os ganhos. O governo americano culpa os chineses pela pandemia de coronavírus, ameaçando impor novas restrições comerciais ao país.
Nesta sexta-feira (29), porém, o mercado teve um alívio após Trump não anunciar nenhuma medida econômica contra Pequim em seu discurso ao anunciar o rompimento dos EUA com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
O temor de investidores a uma nova investida americana deu lugar a um tom positivo no mercado, levando o Ibovespa a virar para alta de 0,5%, a 87.402.
Trump, contudo, disse que determinou a seu governo que inicie o processo para eliminar o tratamento especial concedido a Hong Kong em resposta aos planos da China de impor uma nova legislação de segurança para o território.
O presidente disse ainda que a China havia quebrado sua palavra sobre a autonomia de Hong Kong e que a ação chinesa contra a região era uma tragédia para o povo de Hong Kong, para a China e para o mundo.
Em Nova York, S&P 500 fechou em alta de 0,5%. No mês, subiu 4,5%. Já Dow Jones encerrou o pregão estável, com uma valorização de 4,26% em maio. Nasdaq subiu 1,3% no pregão e 6,75% no mês.
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