SÃO PAULO - Enquanto a comercialização de carros de passeio caiu 8,6% em relação a maio, a fabricação desses modelos teve alta de 27,3% no mesmo intervalo. Os números foram divulgados nesta terça-feira (6) pela Anfavea (associação das montadoras).
O último mês terminou com 159,6 mil automóveis produzidos. Ao se somar comerciais leves, ônibus e caminhões, o número sobe para 205,9 mil unidades. No total, a alta é de 27,4%.
A aceleração na produção começou nas primeiras semanas do mês passado, quando o governo confirmou às montadoras que o anúncio de incentivos seria feito no Dia da Indústria, em 25 de maio.
Desde então, algumas fabricantes têm revisto seus planos de interrupção nas linhas de montagem.
Na última semana, a Volkswagen anunciou que desistiu de suspender os contratos de trabalho de cerca de 800 funcionários da fábrica de Taubaté (interior de São Paulo).
"O motivo (da desistência) são as novas perspectivas para a demanda de vendas no setor automobilístico", informou a empresa em nota oficial.
Além da produção acelerada, maio teve quatro dias úteis a mais que abril. No acumulado do ano, a fabricação de veículos leves e pesados chegou a tem alta de 6,2% na comparação com o mesmo período de 2022.
Com o aumento da produção, o estoque passou de 206,1 mil unidades em abril para 251,7 mil em maio, número suficiente para atender a 43 dias de entrada.
Desses, 115 mil automóveis se enquadram nas medidas do governo. "Provavelmente, esses modelos terão um destino mais rápido", diz Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.
O executivo calcula que o volume de carros que se enquadram na nova regra deve se esgotar em um mês — bem antes da previsão do governo, que é de que o plano dure 120 dias.
Quem adquirir um carro com benefício deverá ficar com ele por pelo menos seis meses. Há uma série de critérios para determinar os descontos, definidos por meio de uma tabela com pontuações.
Leite afirma que algumas montadoras já distribuíram as novas tabelas às concessionárias. A Renault saiu na frente e divulgou o Kwid Zen por R$ 58.990, uma redução de R$ 10 mil em relação ao sugerido antes da publicação da MP 1175.
Nas lojas, a expectativa é de retomada nas vendas a partir desta terça (6). Segundo a Fenabrave (associação dos distribuidores), maio registrou o segundo pior número para o mês desde 2016 — só fica atrás de 2020, quando a pandemia de Covid-19 estava no início.
O mês terminou com 176,5 mil emplacamentos, uma alta de 9,8% na comparação com abril, que teve quatro dias úteis a menos. O número é baseado no Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) e reúne carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões.
Os primeiros dias indicavam um resultado melhor que o atingido em maio de 2022 (187 mil unidades comercializadas), mas a espera pelo anúncio de redução tributária e as expectativas que vieram logo após o governo se pronunciar frustraram os planos da indústria. No fim, houve queda de 5,6% na soma de veículos leves e pesados.
O presidente da Anfavea afirmou que o setor espera uma corrida às lojas a partir desta terça-feira, após a publicação da Medida Provisória pelo governo federal que promete baratear automóveis, caminhões e ônibus.
"O mercado deve ter um crescimento considerável por corrida de clientes para efetivarem as compras com os descontos anunciados", afirmou.
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