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MPF investiga bancos por desrespeitar uso de nome social por pessoas trans

MPF investiga bancos por desrespeitar uso de nome social por pessoas trans

Banco Central tem 20 dias para informar medidas adotadas para garantir o cumprimento das normas que preveem uso de nome social em documentos bancários

Publicado em 25 de novembro de 2024 às 17:22

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Ministério Público Federal (MPF)
Ministério Público Federal (MPF) instaurou processo administrativo para apurar denúncias . (Antonio Augusto/Comunicação/MPF)

Ministério Público Federal (MPF) vai apurar denúncias de desrespeito ao uso do nome social ou retificado de pessoas trans, travestis e não binárias por parte de instituições bancárias. O órgão instaurou procedimento administrativo e solicitou informações ao Banco Central (Bacen) sobre as medidas adotadas para fiscalizar os bancos e garantir que esse público tenham seus dados cadastrais corretos e o nome social utilizado em cartões, boletos, extratos, correspondências bancárias e outros documentos.

As normas do Bacen asseguram o reconhecimento à identidade de gênero de pessoas trans e travestis pelas instituições bancárias — é o caso da Carta Circular nº 3.813/2017 e da Instrução Normativa BCB nº 2/2020.

No entanto, as medidas não têm sido suficientes para garantir o uso do nome social. A Associação Mães pela Diversidade e a Associação Nacional de Travestis e Transexuais enviaram ao MPF representações que denunciam as dificuldades enfrentadas no relacionamento com bancos.

Segundo as entidades, há relatos de bancos que não incluem o nome social das pessoas em aplicativos, cartões e correspondências, exibindo apenas o nome civil. Em alguns casos, as pessoas compareceram às agências diversas vezes sem conseguir resolver o problema. Há, também, denúncias de desrespeito por parte dos funcionários e de recusa dos bancos em fazer as atualizações solicitadas.

De acordo com o MPF, o constrangimento e a violência simbólica de ser forçado a utilizar o nome morto ou ter o nome social ignorado demonstram a “existência de uma falha estrutural no reconhecimento da identidade de pessoas trans e travestis pelas instituições financeiras, o que resulta em discriminação e até exclusão econômica”.

O órgão quer saber quais medidas o Bacen tem adotado para fiscalizar os bancos, se as denúncias geram a apuração necessária e quais punições são aplicadas às instituições financeiras que não respeitam o direito ao nome social. Pergunta também sobre a existência de um canal para receber as denúncias da população trans no relacionamento com os bancos e sobre normativas ou orientações que tratem do reconhecimento da identidade de gênero e do uso do nome civil retificado ou social de pessoas trans, travestis e não binárias. O Bacen tem prazo de 20 dias para enviar as informações solicitadas.

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