A XP Investimentos rebaixou sua recomendação para as ações da Petrobras de neutro para venda neste domingo (21). O preço-alvo foi revisado de R$ 32, na avaliação anterior, para R$ 24, tanto para ações ordinárias (com direito a voto) quanto para as preferenciais (sem direito a voto).
Segundo a corretora, a mudança reflete a recente decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de indicar o general Joaquim de Luna e Silva para substituir o atual presidente da petroleira, Roberto Castello Branco.
A decisão pela substituição foi anunciada por Bolsonaro na sexta-feira (19) e representa uma derrota para o ministro Paulo Guedes (Economia), que defendia a permanência do atual executivo no cargo e era contra intervenções na companhia. Prevaleceu o interesse da ala militar do governo.
Já na sexta-feira (19), depois do anúncio de Bolsonaro, a Petrobras perdeu cerca de R$ 60 bilhões em valor de mercado -R$ 28 bilhões na Bolsa brasileira e outros R$ 30 bilhões nas negociações dos papéis no exterior.
Os analistas da XP afirmam que, apesar de ainda não ser possível tirar conclusões sobre qual seria a abordagem adotada por Luna, o anúncio coloca em xeque a independência administrativa da Petrobras e traz o risco de que sua política de preços não seja mais praticada em linha com as referências internacionais (refletindo variações dos preços de petróleo e câmbio).
A nomeação do general para presidente da Petrobras ainda será discutida pelo conselho de administração da companhia na próxima terça-feira (23).
Para os especialistas, existem muitas incertezas para justificar um investimento na Petrobras, o que levaria as ações da companhia a serem negociadas a um preço menor em relação ao histórico e a outras petroleiras globais.
As incertezas em relação à política de preços também podem implicar em uma menor correlação entre as ações e os preços do petróleo.
"O que importa é a mensagem que está sendo transmitida ao mercado. [...] Por mais que o governo tenha reiterado a defesa da independência da Petrobras e de sua política de preços diversas vezes, acreditamos que o dilema atual persistirá se considerarmos o ambiente atual positivo para os preços do petróleo e momento de depreciação do real ante o dólar", afirmaram os analistas Gabriel Francisco e Maira Maldonado, da área de energia, petróleo e gás da XP Investimentos, em relatório.
O movimento poderia levar a uma deterioração nos resultados no futuro, não apenas devido às margens de refino mais baixas, mas também devido ao fato de que a Petrobras possa chegar a importar combustíveis com prejuízo para evitar risco de desabastecimento do mercado local.
Os especialistas dizem, ainda, que as medidas de cunho fiscal em discussão para mitigar os impactos de elevação de preços de combustíveis -como a isenção temporária do Pis/Cofins ou as alterações propostas para incidência do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços)- teriam impactos limitados e pontuais.
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