Antes mesmo de entender como funciona a tarifa branca e como essa modalidade de cobrança na conta de luz pode aliviar o bolso é preciso frisar: se o consumidor não souber identificar o próprio perfil de consumo de energia, o tiro poderá sair pela culatra.
É que a tarifa branca é, relativamente, recente. Regulamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), passou a ser opção para o consumidor no dia 1º de janeiro de 2018, com alguns requisitos mínimos de níveis de consumo. Pouco a pouco, essa modalidade de cobrança tem ganhado mídia, na maioria das vezes, associada à economia. E como todos queremos pagar menos, vamos com sede ao pote.
Mas é preciso cautela com a tarifa branca. Ela tem sim uma diversidade de benefícios quanto ao valor cobrado na conta de luz, mas o consumidor precisa compreender como ela funciona para, de fato, aliviar o bolso.
A tarifa convencional de cobrança mantém o quilowatt-hora (kWh) com um valor fixo, não importando o momento do dia em que os eletrodomésticos são utilizados na sua residência.
O valor do KwH* na tarifa convencional é de R$ 0,56228.
Já a tarifa branca possui três valores distintos para o kWh nas 24 horas do dia. Neste modelo de cobrança, o relógio considera três períodos: ponta, intermediário e fora de ponta.
É o famoso horário de pico: das 18 às 21 horas
Valor do KwH*: R$ 1,02399
São os intervalos entre as 17 e 18 horas e das 21 às 22 horas.
Valor do KwH*: R$ 0,66830.
Das 22 às 17 horas do dia seguinte.
Valor do KwH*: R$ 0,48432.
Aos sábados, domingos e feriados nacionais é contabilizado por 24 horas o valor do KwH Fora de Ponta.
*TUSD (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição) + TE ( tarifa de Energia)
Resolução Homologatória Nº 2432 de 07 de agosto de 2018 - TARIFAS EDP ESPIRITO SANTO
Se houver disciplina e o consumo de energia elétrica for deslocado dos horários intermediário e de ponta para o intervalo que compreende o horário fora de ponta, parabéns! Você terá alívio no bolso.
Se o consumidor migrar para a tarifa branca e mantiver o uso de eletrodomésticos nos horários intermediários e de ponta, a conta de energia certamente virá com valor maior do que se mantivesse a tarifa convencional. Isso porque, como observado acima, os valores do KwH para essas duas faixas são superiores aos cobrados integralmente na tarifa convencional.
Tudo bem. A gente explica de novo. Se das 17 às 22 horas for o intervalo em que mais são usados chuveiro elétrico e ar condicionado os maiores vilões do consumo de energia, pare! A tarifa branca não é para o seu perfil.
Se você mora sozinho ou mesmo se a sua família tem uma rotina de trabalho distinta que permite não usar os vilões do consumo de energia no intervalo das 17 às 22 horas, a tarifa branca certamente é a opção para economizar.
O coordenador adjunto da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), Marconi Pereira Fardin, em poucas palavras dá o recado.
"O consumidor precisa conhecer seu perfil de consumo, em quais horários ele consome mais e menos, porque a tarifa branca dá desconto para consumo fora do horário de ponta, e acréscimo para o horário intermediário e ponta".
Para colocar as contas (tarifa convencional x tarifa branca) na ponta do lápis e não deixar que ninguém saia no prejuízo, o professor do curso de engenharia da Universidade de Vila Velha (UVV), Felipe Pedroso, fez uma simulação de alguns eletrodomésticos que são considerados os grandes "vilões" da conta de energia como o chuveiro e forno elétricos e ar condicionado.
No infográfico abaixo, é possível visualizar os valores dentro da modalidade convencional da tarifa de energia e da modalidade de tarifa branca. É importante ressaltar (mais uma vez) que quem optar pela tarifa branca precisa ser fiel aos horários, de modo que jamais utilize os aparelhos "vilões" nos intervalos de ponta e intermediário. Caso aconteça, Pedroso é categórico: o consumidor pode acabar jogando toda a economia "por água abaixo".
Questionado sobre o consumo dos aparelhos que ficam ligados o dia inteiro, como modem de internet e geladeira, por exemplo, Felipe diz que, além de consumirem pouco, não fazem muita diferença na conta de energia. A diferença é em equipamento que consome muito e em horários específicos. Se você desloca esses horários para a tarifa mais barata, vai gerar mais economia.
Seja por receio ou falta de informação, a tarifa branca no Espírito Santo ainda é realidade para poucos. No Estado temos duas concessionários: a EDP e a Empresa Luz e Força Santa Maria (ELEFSM).
A EDP atende 70 cidades capixabas, um total de 1,5 milhão de usuários. Destes, em 2018, apenas 65 clientes aderiram à tarifa branca. A Luz e Força Santa Maria, que leva energia elétrica para 111.889 consumidores em 11 municípios do ES. De acordo com a distribuidora, apenas um consumidor aderiu a bandeira branca tarifária.
Como foi regulamentado na Resolução Normativa nº 733/2016, o consumidor pode solicitar a adesão à tarifa branca desde 1º de janeiro de 2018. Contudo, existe um cronograma de preferência, de modo a priorizar as solicitações com as seguintes características:
1º de janeiro de 2018 para novas ligações e para unidades consumidoras com média anual de consumo mensal superior a 500 kW/h;
1º de janeiro de 2019 para unidades consumidoras com média anual de consumo mensal superior a 250 kW/h;
1º de janeiro de 2020 para todas as unidades consumidoras.
Não. Segundo a Aneel, não é cobrado nenhum tipo de taxa. Ele pode retornar à tarifa convencional a qualquer momento, e deve ser atendido pela distribuidora em até 30 dias.
Se for a primeira vez aderindo à tarifa branca, o cliente é obrigado a ficar 30 dias na modalidade; se for a segunda vez, ele é obrigado a ficar 180 dias na bandeira. No site da Aneel, é possível ver mais detalhes sobre a tarifa.
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