A casa de investimentos XP deve captar US$ 2,25 bilhões (R$ 9,33 bilhões) em sua abertura de capital na Bolsa de tecnologia Nasdaq, em Nova York.
Os investidores que adquiriram os papéis, que começam a ser negociados em Bolsa americana nesta quarta-feira (11), pagaram US$ 27 (R$ 112) por ação.
O valor ficou acima do que a empresa havia sinalizado em seu prospecto, que era de US$ 22 a US$ 25 (cerca de R$ 91 a 104).
Ao todo, foram ofertadas 83 milhões de ações neste que é o quarto maior IPO (oferta inicial de ações na sigla em inglês) do ano nos EUA e o segundo maior de uma empresa brasileira, atrás apenas da PagSeguro -sistema de pagamentos de compras que pertence ao UOL, que tem participação acionária minoritária e indireta na Folha de S.Paulo- em 2018.
Com a precificação, a empresa estreia com valor de mercado de US$ 14,9 bilhões (R$ 61,82 bilhões), o que a coloca entre as 20 empresas brasileiras de capital aberto mais valiosas.
Os papéis da corretora serão negociados sob o código "XP". A oferta pública inicial da companhia é tanto primária quanto secundária, o que significa que parte do dinheiro captado irá para o caixa da empresa e outra parte para os acionistas vendedores.
Os principais sócios da companhia são os fundos Dynamo e General Atlantic, além de seu fundador Guilherme Benchimol (Marcelo Maisonnave, outro fundador, deixou a companhia em 2014) e o Itaú Unibanco. A XP Inc. continua detendo ações classe B (que possuem poder de voto dez vezes maior) e terá o equivalente a 56,2% do poder de voto.
Em relatório, o estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, afirmou que houve uma alta demanda pelos papéis da XP, perto de superar em dez vezes a oferta inicial.
Segundo ele, a expectativa é que o impacto da forte demanda pelas ações da corretora reflita, inclusive, em uma alta nos papéis do Itaú na Bolsa de Valores brasileira. A oferta pública da XP pode, segundo o analista, fazer com que o banco privado -que adquiriu 49,9% das ações da companhia por cerca de R$ 6 bilhões em maio de 2017- passe a ter uma participação de cerca de R$ 30 bilhões na corretora, valor próximo a 10% de seu valor de mercado.
O Itaú não venderá suas ações.
Esta é a segunda vez que o XP busca um IPO. Em 2017, a XP estava prestes a listar suas ações quando fechou o acordo com o Itaú Unibanco.
De acordo com o prospecto preliminar da companhia protocolado na SEC (órgão regulador do mercado nos Estados Unidos, equivalente à CVM no Brasil) em 2 de dezembro, foram ofertadas 72.510.641 ações classe A. Desse total, 42.553.192 são de oferta primária e as outras 29.957.449, em oferta secundária, pelos sócios executivos da corretora.
Com um lote adicional, a oferta totaliza 83.387.237 papéis.
A companhia havia informado no prospecto que parte do dinheiro captado no mercado será usado para o funcionamento de sua instituição financeira, que recebeu o aval de funcionamento do Banco Central em setembro, e para expansão em outras áreas, como seguros e meios de pagamentos.
A oferta de ações da XP deve elevar a concorrência no setor bancário no Brasil, com os cinco principais bancos do país detendo 82% do total de ativos. A empresa usará os recursos para investir em marketing, contratação e novos serviços financeiros.
Dentre os riscos listados no documento, a XP havia identificado deficiências em seu controle interno sobre relatórios financeiros que, caso não resolvidas, poderiam dificultar a prevenção de fraudes da companhia e o cumprimento de comunicações obrigatórias, além de implicar em possíveis imprecisões em seus resultados operacionais.
Os bancos Goldman Sachs, o J.P. Morgan, o Morgan Stanley, o Itaú BBA, Citigroups, Credit Suisse, UBS e BofA Securities coordenaram a oferta.
Fundada em 2001 como consultora financeira independente, a XP tem mais de 1,5 milhão de clientes e R$ 350 bilhões sob custódia.
No início do ano, a XP anunciou que tem uma meta de alcançar R$ 1 trilhão de ativos sob custódia até o final de 2020. O lucro de janeiro a setembro foi de R$ 699 milhões.
Em janeiro de 2018, a PagSeguro levantou US$ 2,27 bilhões (R$ 7,4 bilhões, à cotação da época) em seu IPO na Bolsa de Nova York (Nyse). Foi a maior oferta inicial de ações de uma empresa brasileira no mercado americano.
Em seu IPO, a PagSeguro apresentava valor de mercado de US$ 8,97 bilhões e hoje a empresa vale US$ 9,1 bilhão (R$ 37,75 bilhões).
Em outubro, a processadora de cartões Stone captou US$ 1,5 bilhão (equivalente a R$ 5,6 bilhões à época) em seu IPO nos Estados Unidos. A empresa vale US$ 10,5 bilhões (R$ 43,56 bilhões).
O IPO da XP ocorreu durante um ambiente difícil para novas listagens nos Estados Unidos, com uma série de empresas grandes como Uber, Lyft e da fabricante de bicicletas ergométricas Peloton sofrendo com a estreia na Bolsa.
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