Um novo sistema financeiro entra em operação nesta sexta-feira (13) para revolucionar a forma em que os consumidores se relacionam com o sistema bancário. A ferramenta open banking, do Banco Central, vai permitir o compartilhamento de dados dos correntistas entre as instituições. E nesse troca-troca, as fintechs vão poder receber informações de potenciais clientes.
O serviço permite aos clientes autorizarem essa movimentação de dados. Assim, o correntista vai poder, inclusive, com quais empresas quer permitir esse intercâmbio.
O objetivo é facilitar o acesso a produtos e serviços bancários mais vantajosos, como empréstimos e cartões de crédito, que poderão ser oferecidos por outras instituições em condições semelhantes ou melhores às concedidas por bancos onde ele já é cliente. A intenção também é permitir que sejam disponibilizados produtos e serviços mais personalizados, além de facilitar a abertura de conta bancária no modelo tradicional e mesmo as digitais.
Esse procedimento será vinculado a uma oferta de produto ou serviço específico, como financiamento, abertura de conta ou cartão de crédito. O tempo máximo do compartilhamento será de um ano. As operações são limitadas entre os bancos autorizados pelo usuário. As instituições serão responsáveis pela segurança desses dados.
O sistema foi elaborado para que seja possível aceitar o compartilhamento de forma intuitiva, para que ao demonstrar interesse na oferta de um banco, o usuário indique as informações que quer compartilhar e seja encaminhado à plataforma da instituição que irá fornecer os dados.
O open banking vai ser estabelecido gradualmente e com consentimento dos usuários, que vão poder escolher quais dados, por quanto tempo e entre quais instituições compartilhar. A partir desta sexta-feira (13) poderão ser compartilhadas as informações de cadastro, que incluem os dados pessoais, o endereço e a renda.
De acordo com a regulamentação estabelecida pelo Banco Central, é obrigatória a participação no open banking de todas as grandes e médias instituições financeiras do país.
O diretor de Regulação do Banco Central, Otavio Ribeiro Damaso, disse nesta sexta-feira, 13, que o Open Banking é "completamente seguro". "O cliente de produtos de serviços financeiros é que vai autorizar o compartilhamento de suas informações, por quando tempo elas poderão ser compartilhadas e quando essas informações deixarão e ser compartilhadas", afirmou, em evento de lançamento da Fase 2 do Open Banking, com o início do compartilhamento de dados cadastrais e transacionais
Ele lembrou que apenas as instituições reguladas, autorizadas e supervisionadas pelo BC participam do Open Banking. "Essas instituições são obrigadas a seguir todas as regras que regem o Sistema Financeiro nacional, inclusive a lei de sigilo bancário. O Open Banking foi feito seguindo os melhores padrões de segurança da informação", completou Damaso.
Embora os efeitos não sejam instantâneos, a expectativa do Banco Central é de que o novo sistema mude a forma como o brasileiro compra imóveis, adquire planos de previdência e investe seu dinheiro. Em entrevista à Agência Estado, o diretor de Regulação do BC, Otavio Ribeiro Damaso, projeta maior facilidade de acesso ao crédito imobiliário com o open banking. Além disso, a partir da quarta fase, quando o sistema se transformará no open finance, Damaso espera que haja redução de custos para quem acessa fundos de investimento e planos de previdência privada.
O open banking tem algumas características. A primeira delas é a questão de ser uma iniciativa que, de fato, coloca o cidadão no centro das decisões em relação a seus dados financeiros. O segundo ponto é a padronização das informações. Hoje, há fintechs (startups do setor financeiro) que buscam informações em diferentes instituições para ofertar serviços, mas o acesso é difícil. As instituições nem sempre permitem, e os dados não chegam padronizados. Isso vai mudar no open banking. O terceiro aspecto é que os dados vão fluir de forma digital. Assim, o que o Banco Central está fazendo é criar uma plataforma para que o próprio mercado possa se desenvolver.
A partir do dia 13 de agosto, muitas coisas começarão a funcionar, mas não necessariamente o mundo vai mudar no dia 14. As instituições vão começar a desenvolver os produtos com as funcionalidades que estarão prontas. É como se no dia 13 de agosto a internet estivesse pronta, mas as empresas ainda estariam desenvolvendo produtos para utilizar na plataforma. O desenvolvimento já começou, na primeira fase. No caso de alguém que utilize cheque especial, por exemplo, em determinado banco, uma segunda instituição poderá oferecer crédito rotativo, mais barato e em volume maior, quando necessário. A cobertura do saldo poderá ser automática.
Um exemplo é o no financiamento imobiliário, dados o volume envolvido e o prazo. O cliente está disposto a procurar o crédito em outras instituições. No open banking, vai aparecer no meio do caminho uma fintech que buscará em todas as instituições financeiras as informações sobre a oferta de crédito imobiliário e reunirá isso para o cliente. Assim, quando ele entrar na plataforma, terá a informação de que no banco A o crédito está saindo a 5% ao ano, no banco B, a 4,8% ao ano, e no banco C, a 5,2% ao ano. Isso vai ser feito quase instantaneamente. E o cliente vai escolher a instituição com a melhor oferta.
Tudo o que o Banco Central faz é com o maior nível de segurança possível. A segurança é, inclusive, o pilar de uma instituição financeira. Você só aceita depositar seu salário em um banco porque tem segurança da solidez da instituição. Assim, a segurança do open banking é igual à de todos os outros sistemas do sistema financeiro.
Hoje temos o problema das financeiras, que muitas vezes fazem ofertas excessivas de produtos a determinados públicos. Isso é uma preocupação no open banking?
No open banking, o cliente é que autoriza o uso das informações. Se ele autorizou uma instituição a ter acesso a seus dados, isso pode ser para um fim específico ou para algo mais amplo. Ele vai poder cancelar a qualquer momento a autorização.
Com informações da Agência Brasil e Estado.
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