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Os golpes que mais tiram dinheiro de aposentados no ES

Os golpes que mais tiram dinheiro de aposentados no ES

Falsários enviam cartas e fazem ligações buscando vítimas no Estado

Publicado em 28 de julho de 2019 às 00:06

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Ex-fotógrafo recuperou o dinheiro que foi descontado de forma irregular. (Ricardo Medeiros)

Às vezes, uma carta ou ligação que parecem trazer boas notícias são apenas a porta de entrada para que aposentados caiam em golpes, percam dinheiro e disponibilizem seus dados pessoais. Essas armadilhas para fisgar beneficiários da Previdência Social estão ficando cada vez mais comuns e sempre fazendo mais vítimas.

Golpes simples, que exigem o pagamento antecipado para o recebimento de um precatório ou para a revisão do valor benefício são os mais praticados pelos bandidos.

“Esses golpes exigem o pagamento de um valor relativamente baixo, mas como são muitas pessoas que caem, eles acabam sendo muito lucrativos para quem os aplica”, diz a titular da Delegacia Especializada em Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa), Rhaiana Bremenkamp.

Há cerca de dois meses, uma aposentada de 68 anos, moradora de Alegre, recebeu uma carta dizendo que ela tinha direito a receber mais de R$ 65 mil por conta do período em que trabalhou em determinada empresa. Porém, para receber o valor, ela deveria depositar antecipadamente R$ 1.100.

Ao ligar para o filho, que trabalha em um banco, ela foi informada de que se tratava de uma fraude. “A carta citava empresas nas quais ela nunca trabalhou”, destaca o filho da vítima que conseguiu se esquivar do golpe.

Este é apenas um exemplo dos vários casos que são registrados na Defa e em outras delegacias. Bremenkamp destaca que os golpes contra aposentados são cíclicos, mas que sempre fazem vítimas.

“É difícil fazer uma estimativa da quantidade porque esses golpes podem ser registrados em qualquer delegacia, mas a gente nota um crescimento porque facilitou muito a disseminação desses crimes. Às vezes a pessoa está fora do Estado e manda cartas para cá, ou faz ligações e consegue enganar 10, 20 pessoas”, comenta.

EMPRÉSTIMOS 

Outras reclamações dizem respeito a empréstimos consignados não autorizados e a descontos de autorizações sem a permissão do beneficiário. De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), de janeiro a junho deste ano foram feitas 24.983 reclamações sobre empréstimos consignados.

O órgão registrou ainda 2.662 protestos contra débitos no benefício que não foram autorizados pelo segurado. Este é o caso de um fotógrafo aposentado de Vitória. Em março deste ano ele percebeu que havia sido descontado um valor de aproximadamente R$ 70 de seu benefício.

“A instituição que fez o desconto é de Brasília. Não conheço ninguém em Brasília, nunca autorizei nada e ainda assim eles tiraram um dinheiro que é meu. Quem passou meus dados para eles? Quanta gente deve estar pagando sem saber?”, questionou.

A cobrança foi feita por dois meses. Depois, o ex-fotógrafo conseguiu receber o valor de volta.

De acordo com o advogado Rafael Vasconcelos, especialista em Direito Previdenciário, a simples devolução do valor cobrado indevidamente não desfaz o erro.

“Nos casos de cobrança indevida a empresa deve devolver o valor em dobro. Além disso, ainda cabe processo por danos morais por conta do vazamento das informações”, acrescenta.

Por situações como essa que o advogado orienta que o aposentado sempre confira o demonstrativo de pagamento, para observar se estão sendo feitas cobranças irregulares.

PRINCIPAIS GOLPES E COMO SE DEFENDER

Falso empréstimo

Como funciona

Aposentados são alvos de quadrilhas, que pegam os dados das vítimas, fazem o empréstimo e somem, deixando a conta para seus alvos pagarem.

Como se defender

O aposentado não deve passar seus dados pessoais para terceiros. Além disso, ao contratar um consignado, deve fazer com uma instituição de confiança.

Cobrança indevida

Como funciona Instituições de todo Brasil conseguem os dados do aposentado e começam a descontar valores mensais no benefício da vítima.

Como se defender

Não passar os dados para terceiros e sempre verificar no demonstrativo de pagamento se há débitos não autorizados.

Revisão do benefício

Como funciona

Com o pretexto de que o aposentado recebe um valor abaixo do correto, os bandidos enviam uma carta solicitando uma quantia para que seja feita a revisão do benefício.

Como se defender Sempre que receber cartas assim, procure o INSS para averiguar a veracidade.

Falsos precatórios

Como funciona

Os falsários enviam uma carta ou fazem contato telefônico por ligação ou SMS, dizendo que a vítima tem direito a valores referentes a uma ação judicial antiga contra o INSS. Para ter acesso à quantia, porém, ela deve depositar determinado valor.

Como se defender

Para o recebimento de precatórios, não há necessidade de pagamentos antecipados. Deve-se, sempre, procurar o advogado que moveu a ação para saber o andamento do processo.

Idosos são alvos preferenciais dos bandidos

Foi com um ar decepção com a sociedade que a delegada Rhaiana Bremenkamp, titular da Delegacia Especializada em Crimes de Defraudações e Falsificações (DEFA), disse que os idosos são os alvos da maioria dos bandidos para os mais diversos crimes praticados.

“Quando você fala de golpe contra idoso, contra aposentado, você mexe num ponto que, para eles, já é muito difícil: normalmente, eles percebem que já não têm muita habilidade, que já não são como eram como jovens. Então, muitas vezes, eles não contam para os filhos, não procuram a polícia, porque eles mesmos se sentem... ‘caí no golpe porque estou velho’ ”, refletiu Rhaiana.

Marcelo Prest/arquivo Rhaiana Bremenkamp lembra que já viu idosos perderem até R$ 80 mil em golpes. ( Bernardo Coutinho)

Ela destaca que além dos golpes que têm relação direta com a aposentadoria, muitos outros são cometidos contra os idosos porque, normalmente, são pessoas que possuem uma renda fixa.

“Golpes como o do falso bilhete premiado, do falso sequestro e do motoboy que vai até a casa da vítima pegar o cartão em nome do banco podem atingir qualquer pessoa, mas os mais idosos são o alvo principal por conta das dificuldades que eles têm e pelo fato de, se forem aposentados, todo mês ter um salário garantido na conta”, acrescentou a delegada.

“O golpe do falso bilhete premiado, por exemplo, por mais antigo que seja, ainda faz vítimas hoje em dia. Já vimos idosos perdendo R$ 40 mil, R$ 80 mil, joias da família, entre outros itens”, completou.

O titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), Brenno Andrade, cita que alguns dos golpes eletrônicos também visam atingir as pessoas de mais idade. “O foco aqui na delegacia não são tanto os idosos, porque eles usam menos a internet que as demais faixas etárias. Porém, o golpe do estelionato amoroso, por exemplo, já foi registrado contra idosos”.

Nesse golpe, o criminoso entra em contato com a vítima – geralmente alguém viúvo, carente – e faz com que o idoso se apaixone por ela, para depois começar a pedir dinheiro. “Em um dos casos, um idoso iria enviar cerca de R$ 200 mil para o exterior. O golpe só não foi concluído porque o gerente do banco não autorizou a transação”, conta.

De acordo com os delegados, para se defender de tais crimes, basta ter atenção e desconfiar de histórias e ofertas que pareçam tentadoras. Segundo eles, também é importante conversar com pessoas de confiança e perguntar se já viu tal fato acontecer.

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“Como os golpes são cíclicos eles somem por um tempo e depois voltam. Às vezes, só muda a história que é contada, mas o modo de operação e o objetivo é o mesmo. Assim, fica mais fácil para que pessoas do convívio do idoso possam identificar quando se trata de um golpe”, explicou Rhaiana.

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