A pandemia da Covid-19 destruiu a produção industrial do Brasil no mês de abril, o primeiro que começou e terminou com medidas de isolamento social decretadas em todo o país.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda de 18,8% na comparação com março - que já havia caído 9,1% - é a pior da história.
Na comparação com abril do ano passado, os efeitos são ainda mais sentidos, com recuo de 27,2%. É o sexto resultado negativo nessa base de análise.
A projeção da Bloomberg era de 28,3% de retração com relação a março de 2020 e 36,1% de recuo na comparação com abril do ano passado.
O registro negativo divulgado nesta quarta-feira (3) pelo IBGE superou a queda de 11% de maio de 2018, quando ocorreu a greve dos caminhoneiros. Porém, aquela produção foi reposta no mês seguinte, algo que não será visto agora, já que as medidas de isolamento social continuaram.
A queda foi generalizada e atingiu todas as categorias da pesquisa e a maioria dos ramos pesquisados. A principal influência negativa veio do setor automotivo. Em abril, 64 das 65 fábricas de automóveis no Brasil suspenderam suas operações no Brasil.
O primeiro óbito conhecido de Covid-19 no país ocorreu no dia 17 de março. A partir daí, com o avanço da doença, o país promoveu o isolamento social como forma de combater a pandemia. Em abril, os efeitos econômicos começaram a ser sentidos com mais intensidade, já que as medidas restritivas duraram do começo ao fim do mês.
Diante desse cenário, a Covid-19 intensificou o aumento do desemprego no Brasil, que chegou a 12,6% no trimestre encerrado em abril, e contribuiu para que 4,9 milhões de posto de trabalho fossem perdidos. A população ocupada teve uma queda recorde de 5,2% na comparação com o trimestre anterior.
A produção da indústria de bens de capital despencou 41,5% em abril ante março, informou o IBGE. Na comparação com abril de 2019, o indicador recuou 52,5%. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF). No acumulado em 12 meses, houve redução de 4,4% na produção de bens de capital.
Em relação aos bens de consumo, a produção registrou queda de 26,1% na passagem de março para abril. Na comparação com abril de 2019, houve redução de 39,2%. No acumulado em 12 meses, a produção de bens de consumo diminuiu 2,5%.
Na categoria de bens de consumo duráveis, a produção encolheu 79,6% em abril o confronto com março. Em relação a abril de 2019, houve queda de 85,0%. Em 12 meses, a produção diminuiu 6,4%.
Entre os semiduráveis e os não duráveis, houve redução de 12,4% na produção em abril ante março. Na comparação com abril do ano anterior, a produção caiu 25,2%. A taxa em 12 meses ficou negativa em 1,4%.
Para os bens intermediários, o IBGE informou que a produção caiu 14,8% em abril ante março. Em relação a abril do ano passado, houve uma queda de 17,1%. No acumulado em 12 meses, os bens intermediários tiveram redução de 2,7%.
O índice de Média Móvel Trimestral da indústria registrou queda de 8,8% em abril.
O IBGE revisou o resultado da produção industrial em março ante fevereiro, de -9,1% para -9,0%. A taxa de fevereiro ante janeiro passou de 0,7% para 0,6%.
Na categoria de bens de capital, a taxa de março ante fevereiro passou de -15,2% para -15,5%, enquanto o resultado de fevereiro ante janeiro saiu de 1,2% para 0,9%.
Os bens intermediários tiveram o desempenho de março ante fevereiro revisto de -3,8% para -3,7%. A taxa de fevereiro ante janeiro passou de 0,8% para 0,9%.
A taxa dos bens de consumo duráveis em março ante fevereiro foi revista de -23,5% para -23,7%, enquanto a de fevereiro ante janeiro passou de -0,2% para -0,1%.
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