Segundo a agência de classificação de risco Fitch, a evolução da pandemia de Covid-19 e o consequente déficit fiscal brasileiro devem impactar retomada da economia do país em 2021. A previsão da agência é um crescimento de 3,1% no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e queda de 4,6% em 2020.
A elevada taxa de desemprego no país e o endurecimento das medidas de distanciamento social com a piora da pandemia no país também são apontados como riscos à economia.
Em evento nesta quarta-feira (20), Shelly Shetty, diretora de ratings soberanos para a América Latina da Fitch, disse ser fundamental a aprovação de reformas fiscais e o fim de gastos extraordinários, como o auxílio emergencial, que acabou ao fim de 2020, para a redução no déficit fiscal.
Ela também afirmou que a forma como a América Latina lida com a segunda onda da pandemia, o ritmo das distribuições e a qjuantidade de vacinas e a fragilidade de forma geral dos sistemas de saúde são pontos de atenção.
Mesmo com o crescimento dos casos de Covid-19 no Brasil, a equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) considera o cenário atual diferente daquele observado em meados do ano passado e dizem que o momento não demanda medidas como o auxílio emergencial.
Um novo auxílio emergencial, pagamento feito à população de abril a dezembro de 2020 - e de forma residual neste mês -, voltou à discussão após os principais candidatos à presidência da Câmara mencionarem a possibilidade de relançar a medida.
Apesar de não descartarem o auxílio emergencial em uma situação extrema, integrantes do time de Guedes veem por enquanto a atividade se movimentando mesmo com a existência da pandemia e sem o auxílio.
A previsão da Fitch para o Brasil é uma das piores da América Latina. A agência vê o Peru com a maior retomada, com crescimento de 9% em 2021. Em seguida, vêm Colômbia e Chile, com elevação entre 4% a 5% no PIB este ano.
O grande motor para a recuperação na região é a expectativa de crescimento de 8% da economia chinesa.
"Essa é uma boa notícia para o sul da América Latina, onde muitos países têm mais de 25% de suas exportações indo para a China", afirmou Shelly.
A alta no preço das matérias-primas em decorrência da retomada chinesa também é tida como importante para as economias latinas.
O Brasil tem a vantagem do real depreciado neste contexto, segundo a Fitch, o deixa suas exportações mais competitivas no cenário internacional.
Outros fatores positivos citados por Shelly são os juros em mínimas históricas e resiliência do crédito doméstico. "Talvez um efeito das medidas de liquidez dos bancos centrais em 2020", disse a economista.
De acordo com Shelly, a recuperação pode ganhar tração conforme diminua o distanciamento social, e, neste sentido, o descontrole da pandemia pode atrasar a recuperação.
"Poucos países têm planos de vacinação e menos ainda começaram a vacinar. Quantidades seguras de vacinas não foram asseguradas por acordos, à exceção de México e Chile."
A imunização no Brasil começou no último domingo (17), em São Paulo, logo depois que a Coronavac teve o uso emergencial aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A quantidade de vacinas disponíveis no momento, porém, está aquém do planejado. O governo federal vinha tentando antecipar desde dezembro um lote de 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca produzidas em um laboratório indiano, sem sucesso.
Além disso, a demora na chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) vindo da China deve atrasar a fabricação da Coronavac pelo Instituto Butantan e do imunizante de Oxford/Astrazeneca pela Fiocruz.
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