O mercado diz acreditar que a Petrobras vai esperar antes de definir por reajustes nos preços dos combustíveis para responder à escalada das cotações internacionais após o assassinato do general iraniano Qassim Soleimani na madrugada desta sexta-feira (3).
A cotação do petróleo Brent, negociado em Londres, chegou a subir mais de 4% no início do pregão, diante de temores de que a instabilidade no Oriente Médio tenha impactos na oferta global. Por volta das 15h, porém, a alta havia recuado para cerca de 3%.
A expectativa é que a companhia tenha a mesma postura adotada depois dos ataques a refinaria na Arábia Saudita, em setembro, quando esperou por dois dias a definição de novos patamares de preços. Naquela ocasião, o preço da gasolina subiu 3,5% e o do diesel, 4,2%.
"O [presidente da Petrobras] Roberto Castello Branco mudou a política de reajustes diários e deve esperar mais um pouco para ver como se comportam os preços internacionais", diz o analista Pedro Galdi, da Mirae Asset Wealth Management.
"Acho que a Petrobras deve aumentar seus preços no início da próxima semana, quando estiver estabelecido novo patamar, sem muita especulação", disse o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo.
A Petrobras reajustou a gasolina pela última vez no dia 27 de novembro, com alta de 4%. Já o preço do diesel foi elevado em 3% no dia 21 de dezembro -foi o terceiro aumento em pouco mais de um mês.
Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), na semana antes do Natal os preços dos dois produtos custavam mais caro nas refinarias da Petrobras do que no mercado internacional. Araújo diz que hoje, no entanto, não há mais margem.
Em entrevista na manhã desta sexta, o presidente Jair Bolsonaro reconheceu que os preços estão altos e admitiu que deve haver impactos da escalada das cotações do petróleo. Ele afirmou que conversaria com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o presidente da Petrobras sobre o tema.
A política de preços da estatal prevê o acompanhamento de um conceito conhecido como paridade de importação, que inclui as cotações internacionais do petróleo, a taxa de câmbio e custos ara trazer os produtos ao país.
Para o analista da Oanda Edward Moya, as cotações do Brent deve ultrapassar os US$ 70 (R$ 283, ao câmbio atual) na semana que vem e pode se manter nesse patamar, já que o mercado pode começar a trabalhar com a possibilidade de conflito militar "limitado" nas próximas semanas.
O cenário tornaria inevitável um reajuste nos preços internos dos combustíveis. A manutenção do petróleo em patamares mais altos, diz Galdi, gera inflação e pode alterar planos dos bancos centrais ao redor do mundo.
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