Após mais de dois meses sem reajuste, o preço do diesel nas refinarias da Petrobras subirá 3,7% a partir desta terça-feira (6). A estatal anunciou ainda um aumento de 6,3% no preço da gasolina. Os reajustes acompanham a alta das cotações internacionais do petróleo.
Segundo a estatal, o litro do óleo diesel será vendido por suas refinarias a um preço médio de R$ 2,81, alta de R$ 0,10. Já a gasolina sairá, em média, por R$ 2,69. Ou seja, R$ 0,13 a mais do que o valor vigente até esta segunda-feira (5).
O anúncio ocorre em um momento de questionamentos no mercado sobre a política de preços da estatal, que começou a observar prazos mais longos antes de decidir por mudanças. Na última sexta-feira (2), a Ativa Investimentos publicou relatório apontando defasagem de 20% no preço da gasolina.
"Pelo que estamos acompanhando, tal reajuste não deverá ser dado pela Petrobras tão em breve, uma vez que a companhia tem esperado intervalos maiores para reajustar os preços", escreveu o economista-chefe da Ativa, Étore Sanchez.
Nesta segunda-feira (5), pouco antes do anúncio da Petrobras, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) havia calculado as defasagens em 12% na gasolina e 7% no diesel. A entidade lembrou que a última mudança no preço do diesel ocorreu há 66 dias.
Nesse meio tempo, as cotações internacionais do petróleo dispararam, levando o Brent, referência internacional negociada em Londres, a superar a barreira dos US$ 75 por barril pela primeira vez desde 2018. Na última sexta-feira (2), a cotação estava em US$ 76,17.
"Se não houver o reajuste, será uma sinalização muito ruim para o mercado", disse antes do anúncio o presidente da entidade, Sérgio Araújo. Após o reajuste, diz a Abicom, as defasagens cairão para 7% na gasolina e 3% no diesel.
O último reajuste anunciado pela empresa foi uma redução de 2% no preço da gasolina, no dia 11 de junho, quando as cotações internacionais já vinham em alta. Na ocasião, a companhia anunciou também aumento de 6% no preço do gás de cozinha.
Um dia antes, o jornal Folha de S.Paulo publicou levantamento feito pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep) que já indicava que a estatal vem evitando repasses imediatos das volatilidades externas após a mudança no comando da companhia.
Os dados mostram, por exemplo, que a empresa deixou de acompanhar um repique nas cotações internacionais no início de maio, quando o preço médio praticado em suas refinarias chegou a ficar R$ 0,08 por litro abaixo do valor de referência calculado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
A estatal diz que não alterou sua política de preços. "A Petrobras monitora permanentemente o mercado e, a partir de uma percepção de realinhamento de patamar, seja de câmbio, seja de cotações internacionais de petróleo e derivados, realiza reajustes de preço."
A percepção de que a empresa está observando prazos mais longos ocorre após a substituição de Roberto Castello Branco, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro em meio à escalada dos preços no início do ano, em um processo conturbado que derrubou as ações da companhia e levou a uma debandada inédita no conselho de administração da estatal.
Para seu lugar, Bolsonaro nomeou o general Joaquim Silva e Luna, que estava em Itaipu Binacional e assumiu defendendo que buscaria reduzir a volatilidade, mas prometendo "conciliar interesses de consumidores e dos acionistas".
O repasse dos reajustes desta terça-feira (6) aos consumidores depende de políticas comerciais de postos e distribuidoras de combustíveis. Segundo a estatal, seus preços de venda representam 54% do valor de bomba do diesel e 32% do preço final da gasolina.
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