O conselho de administração da Petrobras discute nesta quarta-feira (27) proposta para alterar o centro de decisão sobre os preços dos combustíveis vendidos pela estatal, em mais um avanço do governo sobre a gestão da companhia.
A proposta prevê que as decisões sobre reajustes passem a ser dadas pelo conselho de administração - hoje, é feita por um comitê formado pelo presidente da companhia e pelos diretores de Logística e Comercialização e de Finanças.
O governo prepara-se para eleger um novo conselho, com nomes mais alinhados à gestão Bolsonaro, em assembleia no próximo dia 19 de agosto. A lista é formada majoritariamente por ocupantes de cargos públicos e, pela primeira vez desde o governo Dilma Rousseff, tem um integrante do Palácio do Planalto.
A assembleia vai eleger 8 das 11 vagas do colegiado - outras três já são ocupadas por representantes dos acionistas minoritários e dos empregados da companhia. O governo indicou oito nomes e o maior acionista privado da empresa, o Banco Clássico, outros dois.
A lista tem dois nomes já rejeitados por órgãos internos de governança por possibilidade de conflito de interesses: o secretário executivo do Ministério da Casa Civil, Jhonatas Assunção, e o procurador-geral da Fazenda Nacional, Ricardo Soriano.
A tentativa de mudança na governança da política de preços é parte de um esforço para conter os preços dos combustíveis e reverter danos à imagem do governo às vésperas das eleições. Nesse processo, as medidas mais efetivas até agora foram cortes de impostos federais e estaduais.
Em quatro semanas seguidas de queda, desde a aprovação das leis sobre os impostos, o preço do combustível já acumula queda de 20,3% nas bombas. Na semana passada, o litro custava, em média, R$ 5,89 por litro esta semana.
A tendência é que o cenário se mantenha esta semana, com repasses do corte de 4,9% promovido pela Petrobras em suas refinarias na terça-feira (19).
Nesta segunda (25), em almoço com empresárias e executivas em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que poderia fazer novas mudanças na Petrobras, enquanto falava sobre os preços dos combustíveis.
Os últimos movimentos do governo em relação à empresa já geram alertas no mercado financeiro sobre o risco de retrocesso no sistema de governança implantado após a Operação Lava Jato.
"Mais um oportunismo eleitoreiro de Bolsonaro e de sua equipe de bajuladores", disse, em nota o coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar, que é favorável a mudanças no cálculo dos preços.
"A menos de três meses para as eleições, o presidente da República se diz preocupado com as altas abusivas dos preços dos combustíveis praticadas ao longo de seu governo".
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