A Petrobras melhorou sua proposta para novos contratos de suprimento de gás natural, mas os termos ainda desagradam às distribuidoras de gás canalizado, que veem "forte impacto no mercado" em um cenário de lenta recuperação econômica.
A nova proposta para contratos de longo prazo prevê um reajuste de 50% em 2022, metade do percentual previsto na proposta anterior. Os contratos de curto prazo, que podem elevar o preço em até três vezes, não foram alterados.
Contratos que representam cerca de 70% do consumo nacional de gás vencerão ao fim de 2021. Algumas distribuidoras vêm realizando chamadas públicas em busca de supridores privados, mas a Petrobras ainda tende a ter peso importante no setor pelos próximos anos.
Em nota, a Abegás (Associação Brasileira das Distribuidoras de Gás Canalizado) diz que, "embora estabeleça condições flexíveis, a nova proposta ainda gera forte impacto para o mercado, que convive com um cenário de retomada econômica abaixo do ritmo esperado".
"Além disso, o mercado ainda encontra barreiras para uma abertura efetiva, o que vem afetando as condições de competitividade de preço da molécula", continua a entidade, dizendo que ainda faltam medidas para permitir que outros supridores acessem a infraestrutura de processamento e transporte do combustível.
A Abegás chegou a ir ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) denunciar "condutas anticompetitivas" da Petrobras. A nova proposta da estatal foi feita após a denúncia.
A Petrobras diz que tem hoje menos gás disponível porque foi proibida de comprar a parcela de suas sócias nos projetos de produção. Assim, precisará importar o produto, cuja cotação internacional disparou em 2021.
Nesta terça-feira (30), em evento com analistas em Nova York, a direção da companhia afirmou que sua estratégia é privilegiar contratos de longo prazo para ter mais segurança na destinação do gás que produz no pré-sal.
Segundo a Abegás, os termos oferecidos pela estatal sinalizam redução dos preços ao longo do contrato, "a depender do preço do petróleo e do dólar e, principalmente, da real concorrência na oferta de molécula por outros supridores".
O andamento das negociações indica que a promessa do governo de promover um choque de energia barata com a abertura do mercado de gás natural ainda neste mandato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não será cumprida.
A promessa foi uma das primeiras bandeiras do ministro da Economia, Paulo Guedes, e resultou na aprovação da nova Lei do Gás, sancionada por Bolsonaro em abril.
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