O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou a política de preços da Petrobras nesta terça-feira (14). Ao falar sobre como a volatilidade no câmbio afeta os preços, ele afirmou que a estatal repassa essas variações aos preços de combustíveis de forma muito mais rápida que em outros países.
"No Brasil o mecanismo é um pouco mais rápido [de repasse], lembrando que a Petrobras passa preços muito mais rápido do que grande parte dos outros países, a gente tem olhado isso também", destacou em evento promovido pelo BTG Pactual.
A estatal reajusta os preços de acordo com a variação do valor do barril de petróleo no mercado internacional, sujeito às flutuações do câmbio.
A avaliação foi feita um dia após o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter questionado o peso dos preços dos combustíveis no bolso dos consumidores e afirmado que a Petrobras deve ser lembrada de que seus acionistas são os brasileiros.
Em rede social, Lira escreveu na segunda-feira (13): "Tudo caro: gasolina, diesel, gás de cozinha. O que a Petrobras tem a ver com isso? Amanhã, a partir das 9h, o plenário vira Comissão Geral para questionar o peso dos preços da empresa no bolso de todos nós."
Em plenário nesta terça, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, rebateu críticas e disse que o preço dos combustíveis no país inclui o custo de produção da empresa e que uma eventual intervenção estatal nos valores precisaria ser compensada pelos cofres públicos. Segundo ele, não há espaço para "aventura".
"A Petrobras é uma sociedade de economia mista sujeita a uma rigorosa governança. Não tem espaço para qualquer tipo de aventura dentro da empresa, não tem", afirmou em audiência na Câmara dos Deputados, logo depois de apresentar cálculos sobre a composição do preço dos combustíveis.
Campos Neto afirmou que a alta no preço das commodities associada a elevação do dólar também pressionou a inflação.
"Tivemos um processo em que a parte de commodities pegou mais rápido e veio junto com a desvalorização no câmbio, que fez com que preços de commodities em reais ficassem maior no país", disse.
O titular do BC falou ainda sobre os choques climáticos. "Tivemos problemas de dinâmica interna, um problema hídrico. A parte climática afetou bastante, tivemos uma onda de calor na América do Sul, depois geada e depois chuvas. Problemas climáticos têm impactos na inflação, a realidade está mostrando, no nosso caso foram consecutivos", ressaltou.
Sobre o câmbio, Campos Neto disse que teve maior volatilidade em 2020 e que, neste ano, parte da variação está associada "a uma compra estrutural no fim do ano", em referência ao chamado overhedge, proteção cambial adicional adotada por bancos que precisa ser desfeita na virada no ano e implica compra de dólares.
"O BC vai ter que atuar para fazer frente a essa demanda pontual", avaliou.
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